tag:blogger.com,1999:blog-34182219591654345312024-02-19T20:36:10.193-08:00A pergunta por Deus numa sociedade pós-metafísicaJosé Luongohttp://www.blogger.com/profile/16039926469375773755noreply@blogger.comBlogger7125tag:blogger.com,1999:blog-3418221959165434531.post-32198108478316579022015-03-25T13:46:00.002-07:002015-03-29T12:31:07.022-07:00 Peregrinos seguem em direção à cidade santa<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<h3 class="yt-lockup-title" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #777777; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 14.3000001907349px; margin: 4px 0px 1px; max-width: 176px; padding: 0px;">
</h3>
<h3 class="yt-lockup-title" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #777777; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 14.3000001907349px; margin: 4px 0px 1px; max-width: 176px; padding: 0px;">
</h3>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="clear: right; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><span style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCwUBdiO1TIIuJ-WkvrKQ1MTs-1NwZhu_lvVikf0kchx03futuHSWwVQKrGrtZls5nSEzlH_48YJ_yKqYMWDfbtLJFb8wBoqGMHo_GGHtwqOUL_JUQZ1ovOF9giOO7ILZ14JPmobOKVg/s1600/camelos+no+deserto.jpg" height="337" width="640" /></span></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Seguem os peregrinos para a cidade santa<br />
<h1 class="yt watch-title-container" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #222222; display: table-cell; font-family: arial, sans-serif; font-size: 24px; font-weight: normal; margin: 0px 0px 13px; overflow: hidden; padding: 0px; text-align: start; vertical-align: top;">
</h1>
</td></tr>
</tbody></table>
</div>
José Luongohttp://www.blogger.com/profile/16039926469375773755noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418221959165434531.post-77146575022432959272011-05-23T07:49:00.000-07:002012-06-06T16:07:08.431-07:00Missão e espiritualidade<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-epFdmuvhq6k/TdqDaUpxUAI/AAAAAAAACVk/llsk11jy3-c/s1600/orar1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br />
</a></div>
<div style="text-align: right;">
<b style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"> </b><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #0b5394; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Carlos Queiroz</b></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 48px;">INTRODUÇÃO</span><span class="Apple-style-span" style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 24px;"> </span><br />
<h1 style="text-align: left;">
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiygDiqnCUeqxSsna_q4qg8ELZOX5vOd72St8wAbi0mowX5cU9CayedJHyEA42ud47-iPC8l4d9FvfmL7pyJ6J0MfTyXFfqSQ9EK506o3jRlNG5ROGsJJq2YmskshlpB2VK5TkGZNpYyg/s1600/images+(30).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiygDiqnCUeqxSsna_q4qg8ELZOX5vOd72St8wAbi0mowX5cU9CayedJHyEA42ud47-iPC8l4d9FvfmL7pyJ6J0MfTyXFfqSQ9EK506o3jRlNG5ROGsJJq2YmskshlpB2VK5TkGZNpYyg/s320/images+(30).jpg" width="320" /></a></div>
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Sempre que se fala de espiritualidade pressupõe-se uma experiência humana exclusiva no campo religioso e subjetivo da fé, alienada às demais experiências da vida. No cristianismo, quando se aborda sobre missão a ênfase recai no ativismo enquanto serviço prestado ao próximo, seja pela proclamação do evangelho, ou pelas obras de misericórdia e justiça. Nesta reflexão estamos considerando espiritualidade e missão como eixos paralelos do mandamento principal das Escrituras: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo...</i>". Assim, amar a Deus é uma missão espiritual, do mesmo modo que, amar ao próximo é uma espiritualidade missionária. Estas duas manifestações cristãs evidenciam-se de forma interativa e interdependente. Por conta dessa interação afirmamos que a espiritualidade cristã precisa sempre encontrar o seu caminho devocional em missão ao próximo. No catolicismo, a missa é o evento em que o adorador tendo encontrado-se com Deus no espaço sagrado, sai dai em missão ao mundo. Desse modo, a espiritualidade pode ser entendida como uma experiência humana no campo da fé e missão como uma resposta ética dessa mesma fé.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Na narrativa sobre a tentação de Jesus, tanto Mateus quanto Lucas fazem referência a importância do pão, quanto da Palavra de Deus: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus</i>”. Na oração Dominical, Jesus ensina aos seus discípulos a orarem ao "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pai nosso celestial</i>", pelo "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">pão nosso de cada dia</i>". Os textos fazem referência à sobrevivência física (pão) e a experiência transcendente (Palavra da boca de Deus e Pai nosso). O pão é um bem compartilhado ou acumulado – portanto, fermentado de implicações sociais, econômicas e políticas; da mesma forma, que a Palavra procedente da boca de Deus e Pai nosso possuem implicações religiosas. Portanto, as relações políticas, econômicas e religiosas da sociedade em que estamos inseridos anunciam ou denunciam a nossa espiritualidade e missão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Apenas para efeito de exposição das idéias, vamos discorrer sobre missão e espiritualidade em categorias separadas, mas entendendo que ambas confluem-se na vida e natureza da igreja de Jesus Cristo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Pretendo concluir esta parte introdutória, com uma frase que pode resumir o enfoque como abordaremos o nosso tema durante esses dias: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A falta de pão na mesa do pobre pode ser uma denuncia da falta de espiritualidade no altar dos cristãos.</i> Com esta frase desejo enfatizar a idéia de que missão e espiritualidade, no evangelho de Jesus Cristo, confluem-se nos espaços em que há sinais da sobre-vivência humana: devoção e pão de cada dia. Todavia, preciso também, explicitar dois reducionismos que a frase pode gerar:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">a) Que a missão se torne um serviço voltado somente para o problema da falta de pão para os pobres, e<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">b) Que a espiritualidade se torne uma tarefa exclusiva em torno do altar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Mais grave do que a dicotomia mencionada acima, é a constatação de que o cristianismo brasileiro, mesmo que, numericamente significativo, não tenha conseguido atender com respons-habilidade as demandas de nossa sociedade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No contexto brasileiro há várias práticas espirituais nas mais diversas comunidades cristãs, que evidenciam distorções e limitações na atividade missionária da igreja de Jesus Cristo. Além dos pentecostais e neo-pentecostais, o protestantismo histórico tem passado por uma de suas transições mais comprometedoras entre a sua identidade histórica e a necessidade de contextualização. Na primeira parte de nossa reflexão estou considerando a missão como um desdobramento de práticas espirituais expostas nas vitrines no cenário religioso brasileiro. Em seguida estabeleço três eixos básicos de sustentação e balizamento para a espiritualidade e missão da igreja: fé, amor e graça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Por enquanto, olhemos algumas práticas de espiritualidade na vitrine.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">1. PRÁTICAS DE ESPIRITUALIDADE NA VITRINE<o:p></o:p></span><br />
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">1.1.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;">ESPIRITUALIDADE E FETICHI</span><br />
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="color: #365f91; line-height: 36px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Têm-se associado ao cristianismo evangélico brasileiro elementos estranhos, tanto à sua herança judaico-cristã, como à sua configuração histórica. Nunca fez parte de nossas crenças a fé no poder e mediação dos objetos - seja para fazer o bem, seja para produzir o mal. Sou filho da geração que nunca acreditou, por exemplo, no poder dos objetos usados nos “despachos”. Que tais objetos tivessem poder capaz de gerar qualquer resultado sobre alguém - nem para o bem, nem para o mal. Qual o argumento, no passado, usado exclusivamente nos espaços de “<i>fetichi religioso popular</i>” para manter pânico e dependência nos seus fregueses? Aqui surge o “<i>sacerdote mágico</i>” argumentando com o cliente que alguém lhe fez um despacho, ou que um encosto o persegue. Há amarras misteriosas, que somente ele – “<i>sacerdote mágico</i>”, pelo poder da magia, pode "mover o sobrenatural" e desatar os nós na vida do cliente. A mesma lógica <i>fetichisou</i> os arraias evangélicos, que passaram a confiar no poder dos objetos, nas frases mágicas, nos demônios que habitam em máscaras, roupas e desenhos. Do ponto de vista bíblico, os demônios habitaram em pessoas, e no máximo, não como regra, mas como exceção, numa única ocasião invadiram, com a permissão de Jesus, uma manada de porcos.</span></span></span></div>
</h1>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> De fato o cristianismo brasileiro passa por um processo de sincretismo interno e externo. Basta observarmos que do ponto de vista da liturgia o catolicismo pentecostalizou-se, enquanto que, do ponto de vista da magia, o protestantismo catolicizou-se ou umbandicizou-se. Sem emitir um juízo de valor no que diz respeito às negociações dos símbolos e expressões religiosas, estou tão somente apontando para a possibilidade de que, diante de uma espiritualidade fetichizada, superficial e alienada do pão de cada dia para todos, a missão tende a ser uma interferência exclusiva pela via do milagre, em que o intermediário é o mais beneficiado..<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">1.2. ESPIRITUALIDADE QUE SUPERVALORIZA O ESTÉTICO EM DETRIMENTO DO ÉTICO<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Entre os programas de televisão que dão ibop, encontram-se os programas das "mascaradas" - jovens bonitas com o corpo quase 100% descoberto e uma máscara encobrindo o belo da fisionomia. Os olhos, a face formam uma parte do corpo por onde fluem as intenções, os desejos mais íntimos, os sentimentos – expressões no campo da ética; porém agora, escondidos por máscaras. No outro lado o corpo, com suas expressões estéticas, exposto na vitrine.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Não estou falando de moralismo. Refiro-me a esse fenômeno, em que as aparências cosméticas e teatrais na espiritualidade da igreja travestiram-se de uma estética visual de tal forma tentadora, que mascara a necessidade de uma religião mais ética e comprometida com a vida. Tiago ressalta: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A religião pura e verdadeira é visitar os órfãos e as viúvas e se manter puro</i>..." Aqui encontramos equilíbrio entre o ético e o estético. Manter-se puro – pode estar relacionado à imagem pessoal e coletiva diante da sociedade. Uma boa imagem pública é uma questão estética. Preservar uma liturgia harmoniosamente adequada para comunicar os elementos da graça se faz necessário, mas pode se tornar apenas estético. Cuidar dos órfãos e das viúvas (pessoas à margem da sociedade) é mais ético do que apenas estético. Assim, manter a coerência da mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, amar o próximo como Cristo nos amou, ser íntegro e transparente, ser uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">noiva</i> sem máscaras - é ético.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A espiritualidade estética é meramente ritualista, legalista e meritória; predispondo seus praticantes a uma missão que gira em torno da publicidade pessoal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">1.3. ESPIRITUALIDADE COMO FENÔMENO DE MERCADO<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O cristianismo brasileiro passa por manifestações, que não se sabe de fato, se é um fenômeno de mercado com elementos da religiosidade popular ou se um fenômeno religioso que utiliza os instrumentos de mercado. Estruturar uma igreja passou a ser um grande negócio de mercado. Não se sabe se os sacerdotes dos nossos tempos são atraídos por vocação ou tentação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Há uma propaganda de motocicleta que ilustra bem essa promiscuidade entre religião e mercado. Aparecem três jovens com vestimentas sacerdotais (batina e colarinho clerical), com uma frase: "Se a igreja usa o marketing, o marketing usa a igreja". Em seguida começam a cantar usando uma coreografia bastante comum nos espaços religiosos dos nossos dias. Usar o marketing como instrumento de propagação ou a coreografia é irrelevante na questão em referência. Estamos buscando discernir se o fenômeno <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a priori</i> é de fato religioso; ou se o ídolo de marcado, além de se utilizar de todos os meios materiais para manutenção do sistema, consegue também coptar uma "espiritualidade neo-liberal" em beneficio do status quo de seus sacerdotes. Neste caso, mais do que nas situações de omissão, germina-se uma "espiritualidade” com toda a lógica de mercado, cuja missão é pragmática e materialista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">1.4. ESPIRITUALIDADE NUM CRISTIANISMO PAGANIZADO<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.25pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A espiritualidade no paganismo é identificada especialmente na forma em que se relacionam os devotos e a divindade. No paganismo o devoto tem controle e domínio sobre o ídolo; até porque, o ídolo, em si mesmo, é apenas a materialização simbólica das demandas religiosas, ou no máximo, uma projeção dos desejos e aspirações humanas, atendidas supostamente pela magia no campo da fé. Portanto, o ídolo é uma projeção sem inteligência e vontade próprias. Não há nenhuma expressão de vida na divindade pagã. Por causa disso, o devoto assume total controle sobre as tarefas e favores a serem "executados" pelo ídolo. O cliente, no paganismo, determina e pressupõe manipular seu ídolo com promessas, oferendas, frases mágicas, etc.. O cliente determina o que deseja. Aproxima-se do "mágico" e diz qual o bem ou o mal que deve ser executado pela divindade. Seja qual for o desejo do cliente, a tarefa da divindade é somente a de obedecer ao cliente, através do manuseio de objetos sagrados ou frases mágicas. Nesse cenário religioso o "sacerdote" (agente intermediário) é maior do que o santo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.25pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No paganismo, a divindade sem inteligência, vontade própria, sem projeto algum, existe apenas como expressão da esperteza dos sacerdotes do sistema ou dos desejos e aspirações dos devotos; portanto, como imagens ou ilusões invisíveis dos clientes. Assim, numa relação pagã, não se precisa orar: "seja feita a tua vontade" - o ídolo não tem vontade, somente o cliente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Nas narrativas dos evangelistas do Novo Testamento Jesus reconhece um Deus autônomo, revestido de sabedoria e inteligência. Pensa por si mesmo, tem vontade própria e soberana, e seus adoradores devem segui-lo por obediência e fé.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Enquanto no paganismo os devotos estabelecem as regras na relação; no Evangelho, Jesus Cristo define as alianças e as formas a serem obedecidas. Ele mesmo orou reconhecendo a soberania e autonomia de Deus - fez referência ao Pai que está nos céus (Mt. 6.9), confessou sua total submissão à vontade de Deus, referiu-se ao Reino de Deus que deve ser acolhido (Mt. 6.10). Assim, Deus tem o controle de tudo e não os adoradores. O Deus sobrenatural move todas as coisas, e não o contrário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Quando escuto as orações em vários cultos cristãos, incluindo os evangélicos, fico desconfiando que há uma invasão de paganismo em nossas liturgias, cânticos, orações e confissões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Numa espiritualidade em que o devoto tem o controle e "soberania" das coisas, tanto a divindade quanto o próximo são apenas objetos na transação mercantilista do cliente. Em caso de alguma missão (e, aqui a missão se reduz a proselitismo e filantropia), esta existe prioritariamente como meio de promoção dos sacerdotes e de suas respectivas instituições.<o:p></o:p></span><br />
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #365f91;">1.5. ESPIRITUALIDADE ESOTÉRICA SENSITIVA</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Estamos denominando de espiritualidade esotérica sensitiva aquela que é caracterizada pelo exercício interior e individualista, fechado a grupos restritos e herméticos, percebidos entre si como pessoas dotadas de poderes místicos ou “energia positiva”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Sensitivo pela priorização da experiência em detrimento da participação inteligente da revelação decodificavel. Sem dúvida alguma, o Evangelho é profundamente arraigado no campo dos sentimentos; todavia, somente sentir sem discernimento e implicações comunitárias, pode conduzir o cristão ao isolamento e ao fanatismo desumano e inconseqüente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Levando-se em consideração ao apelo pela experiência pessoal, há no esoterismo uma grande semelhança com o evangelho de Jesus Cristo. O cristianismo tem vários aspectos que o torna intimo, pessoal e sensorial. Nas narrativas bíblicas encontram-se experiências místicas, subjetivas -, acontecem no campo da alma; mas não são resultantes da habilidade interior de se transcender ao racional. No evangelho as experiências pessoais são acima de tudo ex-otéricas – acessível a todos, simples e sem burocracia ou tecnicismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Os modelos esotéricos tendem a privilegiar os gurus, que por sua vez individualizam-se, isolam-se da comunidade. Aqui os espirituais são reconhecidos por níveis superiores ou inferiores. Os "pós-iniciados" passam a ser identificados como indivíduos especiais, super-espirituais, pessoas dotadas de capacidades espetaculares. Vale neste caso, a experiência, a capacidade de encontrar-se com o "além", o poder que "seres humanos evoluídos" adquirem para controlar “energias” ou serem influenciados por estas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Se numa comunidade cristã, as pessoas estão dando mais ênfase a experiência espiritual que isola, discrimina os de fora, põe os "espirituais" em pedestais superiores, difíceis de serem alcançados por outros seres humanos, é bem provável, que estejamos diante, mais de uma espiritualidade esotérica - sensitiva, do que diante do modelo proposto por Jesus Cristo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No Novo Testamento, vamos encontrar tanto Jesus quanto seus apóstolos vivenciando experiências sensitivas extraordinárias, muitas delas por iniciativas que fugiam ao controle deles. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Por mais que o evangelho seja inclusivo, ele é também seletivo e, portanto, de certo modo, excludente. A diferença consiste no fato de que, no evangelho, o discípulo é estimulado a uma experiência de conversão, um encontro com Deus e desse encontro, a um retorno para viver a comunhão numa comunidade de fé cristã em serviço ao mundo – neste caso, confluem-se espiritualidade e missão. A experiência de conversão do discípulo de Jesus Cristo desemboca numa espiritualidade íntima e pessoal, e ao mesmo tempo, comunitária e universal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No evangelho ensinado por Jesus, oramos ao Pai nosso que está nos céus – espiritualidade transcendente. E, enquanto se busca ao Pai na transcendência, deve-se buscá-lo na primeira pessoa do plural – O Pai é nosso - É Pai da comunidade e na comunidade. É também, a oração do pão nosso de cada dia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Na Oração Dominical, espiritualidade e missão são manifestações transcendentes inseridas na realidade do cotidiano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<st1:metricconverter productid="2. A" w:st="on"><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">2. A</span></st1:metricconverter><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> FÉ COMO EIXO E BALIZAMENTO de Transcendência e Resposta Ética<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-right: -18.8pt; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Início esta parte com uma afirmação de Rodolfo Otto: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-right: -18.8pt; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os elementos não-racionais que permanecem vivos numa religião preservam-na da degeneração em racionalismo. Os elementos racionais que nela são abundantemente saturados, preservam-na de cair no fanatismo ou no misticismo ou de nelas permanecer; e elevam-na ao nível de religião qualitativamente superior, culta, religião da humanidade. A presença desses dois elementos e sua harmonia, estabelecem um critério para medir a superioridade de uma religião</i>...”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-right: -21.25pt; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Baseado neste critério, Otto descreve o cristianismo como religião superior às demais religiões, considerando ainda, que o cristianismo toma para si, uma forma do clássico e nobre. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-right: -21.25pt; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Diante das duas perspectivas qual a fé geradora de uma espiritualidade capaz de promover uma missão conseqüente?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">1. FÉ TRANSCENDENTE, detectada no mundo dos sentimentos e decodificada, apenas por analogia, através de categorias racionais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Aqui a fé deve ser entendida como experiência <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a prior, </i>anterior a outras formas de expressão cognitiva, sejam elas: culturais, políticas, econômicas ou sociais. A crença inabalável, a convicção daquilo que não se vê. O conhecimento e confiança no Inominável, Indescritível naquele que é verdadeiramente o SER. Na teologia cristã este conhecimento é denominado de revelação - ato exclusivo da parte de Deus em se fazer conhecido para quem Ele quis, por Si mesmo, se manifestar. O Antigo Testamento está repleto de eventos com a natureza do que estamos falando. É só lembrarmos de Abraão, Moisés, Isaías. Os relatos sobre as experiências destes três personagens, mostram-nos a revelação de Deus de uma forma sobrenatural e aceita somente na esfera do sentimento da fé mística. Especialmente Paulo faz referência ao que ele denomina de "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">mistério</i>" não concedido a outras gerações, mas a ele, "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">o menor de todos os san</i>tos" .... "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">foi-me dado conhecer o mistério da multiforme sabedoria de Deus</i>" (Ef 3.1-13).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Jesus disse a Tomé: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram".</i> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Paulo diz, simplesmente: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Abraão creu e isso lhe foi imputado como justiça</i>..". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O escritor da carta aos Hebreus diz: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem (...) Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam</i>." (Hb 11.1,6).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Referimo-nos a uma qualidade do sentimento humano que é sensibilizado e movido em direção a Deus, mesmo antes de quaisquer manifestações espetaculares. Como exemplo, poderíamos lembrar de Abraão, o pai da fé. Sobre ele, o apóstolo Paulo comenta:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">"<i style="mso-bidi-font-style: normal;">E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé que teve quando ainda não era circuncidado, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles na incircuncisão, a fim de que a justiça lhes seja imputada, bem como fosse pai dos circuncisos, dos que não somente são da circuncisão, mas também andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão, antes de ser circuncidado</i>." (Ro 4.11,12).</span><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Paulo está falando de uma confiança em Deus, que nasce em Abraão, antes de qualquer resultado que a sua fé pudesse manifestar. No Antigo Testamento a expressão dessa fé se dá como resultado da crença na Aliança de Deus com pessoas ou com o Seu povo. Assim, vários sinais e milagres se manifestam como confirmação da fé, seja para uma missão específica de alguém, seja para confirmação do poder de Deus. Todavia, estamos identificando aqui, a fé dentro do campo do sentimento humano, que encontra significado, simplesmente na crença, na confiança total e absoluta em Deus. Fé, que pode ser explicada pela tentativa de aproximações analógicas, mas jamais, açambarcada por meras definições. Foi dessa maneira que Jesus procurou decodificar para Nicodemos o mundo espiritual, e mesmo assim, Nicodemos não o entendeu. Jesus ironizou: "</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais? </span></i><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(Jo 3.12).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Paulo fala de um conhecimento não decodificado "naturalmente", refere-se a coisas que olhos não viram, ouvidos não ouviram, nem jamais penetrou o conhecimento racional (I Co. 2.8-9). Ele afirma sobre coisas que são discernidas com um critério espiritual e por pessoas espirituais. Aqui a espiritualidade assume um papel místico, sobrenatural, transcendente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">2. FÉ COMO CAPACIDADE SOBRE-HUMANA para realização de fenômenos sobrenaturais<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Especialmente, nos quatro evangelistas do Novo Testamento encontramos registros sobre a fé na perspectiva da realização de proezas e milagres inusitados. Tudo indica, que os narradores das histórias dos milagres de Jesus tinham em mente, a tentativa de fazer com que as pessoas acreditassem na missão de Jesus Cristo. João, referindo-se aos registros em seu livro diz: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome</i>.(Jo 20.31).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> De um lado, podemos observar a intenção dos narradores no conjunto geral de seus documentos: uma tentativa de sistematização inteligente, racional da fé. Sobre isto falaremos mais adiante. De outro lado, podemos olhar para as narrativas observando a atitude dos personagens de cada história. Aí vamos encontrar peças, cuja ênfase, está na fé da pessoa doente, fé daqueles que cercavam o Senhor Jesus (Mt <st1:time hour="8" minute="10" w:st="on">8:10;</st1:time> Mc 2:5; <st1:time hour="5" minute="34" w:st="on">5:34;</st1:time> 10:52); ou, na falta de fé, que limitavam a intensidade dos milagres: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">"E não podia fazer ali nenhum milagre, a não ser curar alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. E admirou-se da incredulidade deles. Em seguida percorria as aldeias circunvizinhas, ensinando</i>." (Mc 6:5,6).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> A fé chega a ser mensurável. Encontramos no Novo Testamento expressões como<i style="mso-bidi-font-style: normal;">: </i>"<i style="mso-bidi-font-style: normal;">grande é a tua fé</i>", ou: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Fé do tamanho de um grão de mostarda</i>", ou ainda: "...<i style="mso-bidi-font-style: normal;">homens de pequena fé</i>". Nestes casos, a fé se apresenta como um testemunho de que as pessoas estão, potencialmente - às vezes mais, às vezes, menos - abertas às possibilidades das coisas que Deus pode realizar, através de suas vidas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Neste ponto poderíamos dizer que a espiritualidade se caracteriza pela capacidade individual ou coletiva de se realizar “os impossíveis” aos olhos da grande maioria.</span><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">4. Fé expressa num conjunto de doutrinas e confissões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> As narrativas do Novo Testamento são, em geral, uma tentativa de convencer pelo argumento inteligente, que Jesus Cristo é o Salvador, o Messias enviado por Deus. As cartas paulinas, especialmente as doutrinárias, são elaborações sistematizadas, racionais, que pretendem dar à experiência cristã transcendente, um conteúdo prático e lógico, histórico, tangível e decodificável, mesmo que, por analogias, que apenas nos aproximam das realidades espirituais mais profundas. Assim, nessa tentativa de elaboração da prática da fé e de sua sistematização vão surgindo as confissões e declarações de fé no mundo cristão. Um jeito fascinante de não permitir, que a experiência sensitiva conduza os cristãos a um espiritualismo individualista, fanático e desconectado das realidades da vida presente. A fé neste aspecto deve ser entendida como balizamento da conduta moral, ética e confessional da comunidade cristã. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Contudo, devemos reconhecer também, que a partir da fé confessional, os divisores de águas foram se estabelecendo no mundo cristão. De inicio eram apenas testemunhos dos novos catecúmenos, que pelo arrependimento e fé, confissão de seus pecados e engajamento na Comunidade de Jesus Cristo, confessavam aos "de fora" a sua fidelidade ao Senhor Jesus Cristo ressuscitado. Depois foram surgindo as confissões para estabelecer linhas demarcatórias, também, dentro do cristianismo. As confissões mais ecumênicas ainda são: o Credo Apostólico, o Credo Niceno, e o Atasasiano, este, um símbolo latino atribuído ao bispo Atanásio de Alexandria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Com a Reforma Protestante essas confissões passaram a ser basicamente um tratado teológico e doutrinário, e não mais apenas um "hino" confessional usado na liturgia. A Dieta de Augsburgo em 1530 ilustra esse novo momento confessional da igreja cristã. Um outro símbolo desse discurso confessional de teor teológico aparece no ambiente evangelical, através do Pacto de Lausanne - Suíça; <st1:metricconverter productid="1974. A" w:st="on">1974. A</st1:metricconverter> diferença é que no Pacto de Lausanne surge também um teor estratégico e ético da missão da igreja no mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Bem, de fato, estamos apenas registrando que a fé assume, neste sentido, um caráter confessional - uma interpretação decodificável e inteligente, a fim de:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-left: 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">1.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Inicialmente, com a intencionalidade de testemunhar e explicitar a fé no Evangelho de Jesus Cristo, para os de "fora"<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-left: 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">2.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Num segundo momento para posicionar-se diante de ameaças doutrinárias - às vezes internas, outras vezes externas. Uma espécie de busca da unidade pela verdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-left: 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">3.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">E, por último, com o propósito de "discernir os tempos" e praticar com fidelidade e eficácia a missão da Igreja no mundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Neste ponto, espero não confundirmos o que estamos denominando de fé confessional - conjunto de ensinamento capaz de discernir e explicitar por analogia inteligente os fenômenos da revelação; com o neo-fundamentalismo doutrinário prepotente, desumano, exclusivista e criminoso, que suprime o dinamismo da "confissão de fé" como forma de responder adequadamente aos desafios éticos e sociais de cada nova geração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">3. Fé como resposta ética - resultado da reconciliação com Deus<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Nas Escrituras a fé é também apresentada como uma resposta humana que testemunha, pratica as boas obras do Reino de Deus e resiste a toda espécie de maldade. A fé, nessa perspectiva, não é uma mediadora entre Deus e as pessoas. O mediador é Deus/Cristo, em si mesmo e não a nossa fé. Assim, constatamos que há expressões de fé fora dessa perspectiva relacional com Deus. Ou seja, a ausência de uma resposta ética denuncia um tipo de crença, que não se enquadra dentro do que a Bíblia reconhece como fé cristã. Os demônios, por exemplo, crêem e, ao mesmo tempo, se rebelam contra Deus (Tg 2.19). Nesse sentido podemos observar que os demônios reconhecem que Deus é absolutamente melhor, e mesmo assim, não se submetem nem assimilam a bondade de Deus. Já para aqueles que são reconciliados, a fé passa a ser uma conseqüência espiritual, traduzindo-se dessa maneira numa missão de amor ao próximo. Escrevendo às igrejas do I Século, Paulo usa expressões como:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-left: 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 150%;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Por isso também eu, tendo ouvido falar da fé que entre vós há no Senhor Jesus e do vosso amor para com todos os santos,... Ef <st1:time hour="1" minute="15" w:st="on">1.15<o:p></o:p></st1:time></span></i></div>
<div class="MsoBodyText2" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-left: 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 150%;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Primeiramente dou graças ao meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé. Ro 1.8</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-left: 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">...desde que ouvimos falar da vossa fé em Cristo Jesus, e do amor que tendes a todos os santos,... (Cl 1.4).</span></i><span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Não é possível separarmos a fé como imagem pública (comportamento, caráter); da fé enquanto ato de misericórdia e compaixão pelo próximo. Até porque a imagem pública da igreja é também resultante de atos de sua compaixão. Mas aqui, a fé deve ser entendida como evento atuante no caráter, integridade, atitudes, comportamento - um modo de ser próprio do discípulo de Jesus Cristo: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vós sois a luz do mundo</i>..."; "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vós sois o sal da terra</i>" (Mt 5.13,14). Desse modo a fé concede a comunidade cristã um caráter distintivo: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">"para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de uma geração corrupta e perversa, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo," </i>(Fl 2.15)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">C.A. Anderson Scott (Christianity According to St. Paul, 1972, P.111) diz que: “desde o momento em que a fé adquiriu caráter ativo idealmente se operou ali uma transformação da perspectiva ética”. Portanto, olhando com esse enfoque, podemos afirmar que a fé é uma resposta (conseqüência) ética, à graça recebida de Deus. “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente,</i>...” As palavras deste texto dão a idéia de salvação como um ato ou processo de reeducação da nova criatura em Cristo. A Bíblia enfoca este aspecto da fé como sendo o processo de formação de Cristo em nós. Uma espécie de novo "ethos" transplantado pelo Espírito para o espírito humano. Deus transplanta o coração de pedra, insensível, desumano, por um coração de carne - humano sensível, fiel, confiável (Ez. 18.31; 36.26; Jr. 31.31-34).<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Esse novo modo de ser dos discípulos de Jesus provoca reações - às vezes de aceitação, outras vezes de repúdio e perseguição. A história está repleta de casos de hostilidade e crueldade contra os cristãos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Pedro escrevendo aos cristãos da Ásia Menor, estimula-os a confirmarem a fé, a despeito de tribulações (1Pe 1.6,7). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Paulo escrevendo aos Tessalonicenses comenta sobre essa fé constante, a despeito de perseguições e aflições: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa constância e fé em todas as perseguições e aflições que suportais</i>;..." (2Ts 1.4)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No livro de Apocalipse encontramos registros sobre aqueles que sofreram por conta do testemunho de sua fé: "...<i style="mso-bidi-font-style: normal;">conservas o meu nome e não negaste a minha fé</i>..." Ap 2.13. ou ainda: "...<i style="mso-bidi-font-style: normal;">e por causa do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida.</i>" Ap 12.11).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A igreja de Jesus Cristo é formada por esses indivíduos, que buscam uma fé, comunitária, partilhada. Uma fé marcada por obras de caridade e justiça. Na ótica de Tiago as obras se confundem com a fé: "...<i style="mso-bidi-font-style: normal;">mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras</i>...". Para ele uma comunidade que discrimina o pobre e não cuida dos necessitados deve ser submetida a avaliação da fé (Tg 2.1-11). E, arremata o seu argumento com uma pergunta: "...<i style="mso-bidi-font-style: normal;">se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo</i>?" (Tg 2.14).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Ruth Tucker, em sua historiografia sobre o cristianismo, faz referência a igreja dos três primeiros séculos, sendo percebida, até pelos seus opositores e críticos, como uma comunidade que acolhia pessoas inúteis, desprezíveis, escravos, mulheres, pobres e crianças. O imperador Juliano chegou a comentar, que eles (os cristãos) cuidavam "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">não apenas de seus próprios pobres, mas também dos nossos</i>" (Tucker 1986; 26,27).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Portanto, há duas dimensões da fé como resposta ética.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">1) Uma espiritual: que se inicia na experiência intima, pessoal, privada - "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">entra no teu quarto fecha a porta e fala ao teu Pai.... e teu Pai que vê em secreto te recompensará</i>"; mas desemboca no serviço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> 2) É, portanto, missionária: Fé que se expressa através de uma espiritualidade comunitária, pública, sócio-política, inclusiva - "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">...Assim brilhe a vossa luz diante dos homens..</i>.". Esta última dimensão é marcada por práticas de justiça social, implica no reconhecimento e admiração de alguns; outras vezes, no repúdio e perseguição de outros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Observando o testemunho da Igreja Primitiva podemos afirmar que era uma comunidade batizada por uma missão espiritual e aspergida por uma espiritualidade missionária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">3. O AMOR COMO EIXO E BALIZAMENTO de Santidade e Serviço<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Nas Escrituras, o povo de Deus é uma comunidade distintiva, santa, vocacionada para amar. A Igreja é composta pelos "filhos da luz" que, por essa condição "andam na luz" e amam a luz (Ef 5.8). Há outros que amam mais as trevas do que a luz (Jo 3.19). É possível se identificar na linguagem dos apóstolos o uso da primeira pessoa do plural (nós), às vezes segunda pessoa do plural (vós), para fazer referência a essa comunidade escolhida por Deus, a fim de manifestar ao mundo a multiforme sabedoria de Deus (Ef 2.2,3).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Deus convoca a igreja, não para privilegiar alguns, mas para abençoar a muitos. O propósito inclusivista não descarta uma atuação seletiva. No Novo Testamento fica evidente a existência de uma comunidade universal, que tem respondido positivamente ao ato redentor do amor de Deus, devendo diferenciar-se, portanto de outros que Paulo denomina de: "filhos da desobediência" (Ef 2.2,3) e continua: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Mas Deus sendo rico em misericórdia por causa do grande amor com que nos amou</i>..." (Ef 2.5). E, ainda afirma: "...<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo Jesus morrido por nós, sendo nós ainda pecadores</i>" (Ro 5.8). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Pedro usa a segunda pessoa do plural: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa..</i>." (I Pe 2.9). João é mais enfático quando descreve o amor entre Deus e a Igreja: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nós amamos porque Ele nos amou primeiro</i>" (I Jo 4.19). Afinal, a Bíblia se resume nessa fascinante iniciativa de Deus de salvar a humanidade, através do Seu amor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Estamos reconhecendo que Deus ama a todos, mas alguns, como refluxos desse amor vivenciam o mandamento de amar uns aos outros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Entendendo a igreja como comunidade de Jesus Cristo, como povo alcançado pela bondade de Deus, e não apenas como estrutura institucionalizada as possibilidades da missão tendem a ser ampliadas. As instituições são limitadas, não possuem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">neurônios</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sentimentos</i>; logo, não são obrigatoriamente capazes de amar, e mesmo que, em dados momentos sejam úteis ao Reino de Deus, podem em outros momentos, prestar um desserviço ao Reino, dada a natureza institucional de existir para preservar-se a si mesma. Por isso, o amor deve ser o paradigma que não permite sacrificar as pessoas em beneficio da instituição -, seja pelo abandono ou proteção da instituição. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A igreja é a expressão desse amor. E como o expressa? No Novo Testamento a manifestação do amor acontece pela igreja ser, em si mesma, diaconia. Como expressa o Bispo anglicano Sebastião G. Soares: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">a igreja de Jesus Cristo ou é diaconia, ou não é Igreja de Jesus Cristo</i>". A figura de servo atribuída a Jesus faz mais sentido como "diácono da humanidade", do que escravo. Pensando dessa maneira nos deparamos com diaconia como missão essencial do povo de Deus. No Sermão do Monte, a espiritualidade não se restringe no ato de se levar oferta ao altar. A missão de se buscar o outro para o espaço da reconciliação, ambiente da paz e partilha do pão é devoção e espiritualidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Não seria verdade afirmar que espiritualidade é o ato de fazer desdobrar-se em amor ao próximo a experiência transcendente, enquanto missão é a tarefa de transformar num culto a Deus a ação sócio-política em favor da vida? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">3.1. A IGREJA - UMA COUMUIDADE DE AMOR – a marca da santidade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Desse modo o amor é a marca com a qual deve ser identificada a comunidade de Jesus Cristo. Para Francis Schaeffer o amor é uma espécie de emblema, uma marca, um selo que o Espírito confere para rotular o cristão, em todos os tempos e em todos os lugares (1970;5).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Os discípulos de Jesus Cristo são identificados como tais, pela evidência do amor: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos; se tiverdes amor uns pelos outros</i>" (Jo 13.35). Na ótica de João amamos a Deus, quando de fato, amamos aquele a quem vemos (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">aquele a quem vemos</i> - possivelmente refere-se ao irmão na fé). (I Jo 4.20,21). A necessidade de se praticar o amor existe em forma de mandamento, e sendo mandamento, existe para ser obedecido. Mas essa constatação não implica que o amor deva ser praticado por imposição, senão apenas, para enfatizar que não é um mero sentimento. Pois, amar é também um caminho, é o jeito de ser, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">modus vivendis</i> do cristão. Logo, a Igreja ama como refluxo do amor recebido de Deus. Amar deve fazer parte da pulsação natural da Igreja, a expressão da maturidade cristã, o mais evidente referencial de espiritualidade. Uma vez que amamos a Deus, naturalmente obedecemos ao Seu mandamento de amar, e por desfrutarmos de Sua natureza, amamos incondicionalmente como conseqüência do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser cristão</i>. Assim como uma planta, naturalmente produz frutos da sua espécie o cristão produz o fruto do Espírito - "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Amor, paz, alegria, bondade, fidelidade, mansidão...</i>" (Gl 5.20-22)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Se desfrutarmos de manifestações sobrenaturais na esfera dos sentimentos, mas se, no entanto, não estivermos revestidos de amor - Paulo afirma - nada disso me aproveitará. Ou, se possuirmos conhecimento misterioso e científico, mas se da mesma maneira, não tivermos a prática do amor - Paulo outra vez diz - nada disso adianta. Na ótica de Paulo pode-se até fazer obras filantrópicas sacrificiais, mas se o amor não for o fundamento e a motivação de tais práticas; de nada vai adiantar (I Co 13.1-3).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O princípio da unidade do povo de Deus está fundamentado no amor. Assim sendo, a Igreja deve ser internamente a comunidade da comunhão, afetividade, fraternidade, o espaço de pessoas acolhedoras, misericordiosas; a expressão mais explícita de um ambiente e ambiência onde as pessoas possam se sentir amadas por Deus, tocadas por Ele, através da Sua encarnação no Corpo de Cristo. Testemunhar do amor de Deus ao mundo depende da unidade, em amor, da Igreja. Jesus disse: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Que eles sejam um para que o mundo saiba que tu me enviaste</i>..." (Jo 17.23,24).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">3.2. A IGREJA – UMA COMUNIDADE DE SERVIÇO – a marca da missão<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Sendo a Igreja uma comunidade de amor, como conseqüência de sua própria natureza seria contraditório viver para dentro de si mesma e não para os "de fora". A igreja deve manter como diferencial a característica ser uma sociedade em que os associados vivem a serviço dos não-associados. Até porque a lógica de quem ama é viver para o bem do outro e não de si mesmo. A unidade da Igreja como expressão interna do amor, não deve ser praticada de forma excludente. O novo mandamento de amor aos irmãos não anula o antigo mandamento de se amar a Deus e ao próximo. Sobre isto observemos o que Jesus disse: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">"<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial</i>". (Mt 5.44-48).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A unidade é a manifestação do testemunho de amor entre os cristãos, a despeito de suas diferenças e diversidade, a fim de que, os "de fora" creiam que Jesus Cristo é o Messias enviado por Deus. O amor na igreja fortalece a comunhão interna do Corpo de Cristo, ao mesmo tempo em que, libera a igreja para praticar obras de misericórdia e justiça em favor do próximo, com o fim de revelar ao mundo a perfeição de Deus, no Seu tratamento com as pessoas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Uma espiritualidade fundamentada no amor aprecia e deslumbra-se com todas as manifestações de Deus. Uma espiritualidade aspergida de amor tem sensibilidade aguçada para todos os dons da vida; vive o exercício permanente de contemplação da natureza nos seus mais variados cenários. Quem assim ama vive em missão permanente. Missão inteligente com vistas à preservação de todo o ecossistema, busca de vida abundante para todas as pessoas e profundidade harmoniosa nas relações com Deus e com toda a natureza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #0b5394; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: medium; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #365f91; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color: #365f91; font-size: small;"> (</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #0b5394;">Pr. Carlos Queiroz, Missão e espiritualidade, Confelider 2002. Acesso em 22 mai 2011. Disponível em: </span></span></o:p></span><span class="Apple-style-span" style="color: #0b5394; font-family: 'Times New Roman'; line-height: normal;"><a href="http://prcarlosqueiroz.blogspot.com/2010/07/missao-e-espiritualidade-confelider_8736.html" style="font-weight: normal;">http://prcarlosqueiroz.blogspot.com/2010/07/missao-e-espiritualidade-confelider_8736.html</a>). </span></div>
</div>José Luongohttp://www.blogger.com/profile/16039926469375773755noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3418221959165434531.post-51438379782313167542010-06-09T09:44:00.000-07:002012-06-06T16:10:11.858-07:00O homem como prisioneiro no labirinto das estruturas conceituais<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6Q6RiZjz64C3NnsHd7ZMI09lQAS2pD6o0laZRElpESRQmCu6CfooLnSQEmZGRkqflhKeJoHXktWtaVS6s0Fex_flC8nYask543e4ucD82jBROltsuZPQ_hhYnsLXKkWnqxGK_TSfk9A/s1600/images+(31).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6Q6RiZjz64C3NnsHd7ZMI09lQAS2pD6o0laZRElpESRQmCu6CfooLnSQEmZGRkqflhKeJoHXktWtaVS6s0Fex_flC8nYask543e4ucD82jBROltsuZPQ_hhYnsLXKkWnqxGK_TSfk9A/s1600/images+(31).jpg" /></a></div>
<span style="color: #b45f06;">(Extraído do livro: SILVEIRA, José de Deus Luongo da. <strong>As várias faces do Direito: uma crítica ao discurso jurídico tradicional.</strong> Londrina, Paraná: Universidade Estadual de Londrina, 2009). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O problema do significado da vida e do mundo não se apresenta à consciência como estruturas soltas e, sim, inseridas dentro de um contexto relacional[1] que se articula para a formação do universo interior e exterior no continuum das relações de tempo e espaço. A construção dessas realidades significativas não é exatamente a tradução do que está aí, presente nas coisas, mas é aquilo que para cada um detém determinado sentido. Assim, as realidades (ens realis, ens rationis) possuem atualidade (temporalidade para a consciência) mediante o processo seletivo da ação intencional, gerando adaptação ou alienação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Os signos e valores individuais ou sociais dão sentido à vida das pessoas e se constituem num corpo de verdades que determinam o seu agir, a sua postura frente ao mundo. Não podemos viver como homens sem raciocinar, e a verdade de cada um induz a uma visão de mundo[2]. São lentes, pelas quais filtramos toda a compreensão da realidade. O próprio pensamento de identidade pessoal nada mais é do que uma síntese dinâmica que agrega os diferentes aspectos mentais, formando a consciência do eu, como uma unidade própria que se projeta na dimensão espácio-temporal. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Em termos gerais, há diferentes modelos de subjetividade: o conceito de identidade pessoal como o resultado de todas as experiências passadas; a consciência moral calcada em juízos de valores; o sujeito epistemológico responsável pela formação das estruturas cognitivas e a dimensão social, manifesta pela consciência política. Esses modelos se articulam formando um núcleo geral de conceitos que se intercomplementam num todo harmônico e pleno de significado. Quando isso acontece, se estabelece um elo de coerência entre as várias percepções da realidade e o eu realiza uma síntese dinâmica e satisfatória. Quando o sujeito deixa de realizar essa integração, surgem as contradições internas, como o resultado de uma visão fragmentada do mundo. O papel do sujeito nessa re/construção da realidade vai determinar a interação mental e os diferentes graus de adaptação social: “cooperação, competição, conflito, acomodação e assimilação[3]”. O perigo reside na cristalização de certas atitudes, na formação de estereótipos, isto é, uma conduta calcada em reproduções falsas, “... idéias ou imagens não logicamente fundamentadas[4]”. Via de regra, essas representações mentais são responsáveis por atitudes de cunho fundamentalista que geram exclusivismos no campo da religião, da política, do direito etc.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> É impossível dizer quão longe o homem pode levar as suas próprias convicções. No testemunho da história, muitos mataram e morreram pelo que acreditavam serem verdades. Nietzsche, no entanto, rompe com a idéia de se imolar pela verdade, afirmando: “Morrer pela verdade. - Não nos deixaríamos queimar por nossas opiniões: não estamos tão seguros delas. Mas, talvez, por podermos ter nossas opiniões e podermos mudá-las[5]”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Com a radicalização de suas idéias, o homem torna-se escravo do seu próprio discurso e dele se convence, tão sinceramente, que é capaz de dedicar uma vida inteira à consecução de suas idéias. A compreensão maniqueísta de dividir as coisas entre verdadeiro/falso ainda faz parte do cotidiano das pessoas, cria motivações, projetos de vida e uma decodificação de toda a realidade percebida. São juízos de valores que estão presentes nas mais diferentes manifestações da existência humana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> O homem está preso no labirinto de suas estruturas conceituais e nessa construção ideológica investe a sua própria felicidade. Todo o processo de criação de estruturas conceituais que refletem a realidade dos valores e interesses, como a finalidade da existência, conduta legal etc., existe, porque o homem é um ser que produz significações. Segundo Heidegger: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Somente quando se encontrou a palavra para a coisa, é esta uma coisa; somente então é, uma vez que a palavra é o que proporciona o ser à coisa (...) Não falamos sobre aquilo que vemos, mas sim o contrário; vemos o que se fala sobre as coisas[6]”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Também Voloshinov chega a afirmar que “sem signo não há ideologia[7]” e toda a ideologia é uma visão parcial da humanidade. Cria-se, assim, o que os lingüistas chamam de campos de sentido porque traduzem a idéia de consciência individual, social e histórica. São referências que mostram que </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Pessoas em todos os lugares continuam a inventar maneiras significativas de viver tomando a cultura familiar como base, isto é, a língua, a religião, os estilos de interação social, a comida, e assim por diante[8]”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Essas realidades formam o pano de fundo dos pensamentos e se constituem numa prisão sígnica[9]. O homem, sendo um ser de linguagem, não tem saída, está preso no mundo dos signos e também é um signo, porque produz relações de significação. A consciência de si mesmo passa a ser a internalização de significados ou, mais adequadamente, um inter-relacionamento contínuo de significados. Há significados de passado, apreendidos; significados em apreensão e passíveis de apreensão, o que é expresso na voz de Alberto Caeiro (pseudônimo de Fernando Pessoa) como: “tristes de nós que trazemos a alma vestida!”[10].</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Cada ser humano possui a sua própria visão de mundo e esse referencial é tão importante que realiza a integração das várias funções do eu - produzindo um universo de significações. A perda desse quadro de referências corresponde à perda da auto-identidade, à perda da dimensão que o eu tem desses signos e de si mesmo, enquanto um ser para um processo dinâmico de recriação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> O referencial que caracteriza o ser de linguagem é tão importante quanto as demais manifestações da vida racional, ele traduz o mundo e aprende mediante uma relação sincrônica e de dependência entre as estruturas conceituais e os novos aprendizados, os quais percorrem um caminho determinado, de reafirmação ou negação dos pressupostos já existentes. Se estamos seguros do lugar que ocupamos no contexto onde estamos inseridos, mergulhando no passado, trazemos à tela da memória a nossa própria história. Isto só é possível, porque de alguma forma se dá o processo de revelação e verificação do significado da nossa experiência pessoal. E essas experiências comuns de um lado aprisionam a realidade em relações sígnicas e de outro expressam a dimensão de transcendência, de processo de reconstrução das idéias. É a experiência de estar incluso, literalmente, numa relação ontológica, “idéias que não são auto-representações mas signos daquilo que é objetivamente outro que não a idéia no seu ser como representação privada[11]”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> No des/modelar para modelar de novo, mesmo que o homem migre para um novo paradigma, libertar-se-á de uma estrutura-modelo para se tornar cativo de outra. Não há saída, não há forma de romper com o passado sem se abrigar em outras servidões. As nossas idéias nos definem, nos transformam e a luta pelo novo, pela mudança, é continuidade enquanto somos capturados em novos vínculos. Contudo, se é impossível a existência humana sem esse suporte, tal não pode ser absolutizado com a promoção da cultura da intolerância, a ponto de se tornar difícil a convivência com outras percepções da realidade. Na sociedade pós-moderna, a cultura da intolerância está assumindo proporções perigosas; o divergente/diferente não só não é aceito, como se cria uma série de obstáculos à sua existência no convívio social. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> As próprias características da cultura ocidental, em alguns casos, favorecem certos exclusivismos, na medida em que o homem ocidental é preparado desde criança para encontrar uma única resposta certa (verdadeira) para tudo, o que na realidade, parece não existir. Privilegia-se um referencial teórico-prático, um padrão de racionalidade técnica, conduzindo à cultura hegemônica e às culturas subalternas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> O medo do diferente (a heterofobia) e os estereótipos criam uma forma de violência simbólica que se concretiza na violência física contida nas diversas formas: espancamento e morte de homossexuais, extermínio de crianças de rua (Candelária), extermínio de mendigos da Praça da Sé, em São Paulo, as mortes entre membros de torcidas de times de futebol, as mortes entre membros de gangues organizadas, o fundamentalismo religioso islâmico, judaico e cristão, o fundamentalismo político norte-americano, a xenofobia de alguns países europeus, etc.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> O etnocentrismo, a racização repressiva da assimilação dos outros a si mesmo, todas essas formas de aculturação violenta tornam muito difícil o corolário de um horizonte aberto, capaz de conter outras verdades, ou a idéia de verdade-processo, em que não há uma única resposta certa para a realidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> É de se esperar que o moderno diálogo intercultural e inter-religioso, com sua abertura para os argumentos da tolerância discursiva, seja o caminho mais curto para a INCLUSIVIDADE. Del Vecchio vê no direito um instrumento para a aceitação do outro: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> “O Direito, em especial, implica sempre o reconhecimento expresso da pessoa do ‘outro’; é, por essência, ‘metaegoista’ e as instituições políticas não são máquinas, ou instrumentos exclusivamente mecânicos das coações impostas aos homens, que só devido a estas evitariam a auto-exterminação da espécie: mas são antes produtos espontâneos do espírito humano[12]”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> De alguma forma, sempre esteve presente a idéia de que a resposta para a cultura da intolerância encontrava-se na alteridade, no olhar do outro, onde está sempre a referência da nossa identidade[13]. Para Levinas, “[...] o Outro não é o distante, o estranho, e muito menos o impessoal. O Outro é universo epifânico e dialogal[14]”. Construímos a nossa subjetividade porque existe o outro, faça ele parte do nosso grupo ou não. Para Freire, “a subjetividade, portanto, não é interioridade, mas um si construído a partir de fora, de outrem, pura defecção de um eu que se perde a si mesmo[15]”. O olhar do outro estabelece a nossa visibilidade, pode ser que ele às vezes nos desinstale, mas sempre nos recupera de nós mesmos, dentro de “um jogo de possível captura recíproca[16]”. Por outro lado, a escassez do outro, a sua desventura, o seu sofrimento nos incomoda. Boff enfatiza de que</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> “O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, de preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro[17]”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> O caminho da diversidade na unidade, do pluralismo, da inclusividade, parece ser a única resposta aceitável. Saber conviver com pontos de vista discordantes - o embate das idéias - aprofunda ou derriba as nossas certezas parciais, provisórias e precárias; isso só é possível quando não nos submetemos ao germe da radicalização. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">____________</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1] Merleau-Ponty, apud Bonomi, p. 9.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[2] Weltanschaung.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[3] Carvalho, 1976, p. 49. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[4] Id., p. 46. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[5] Nietzsche apud Candido, p. 1.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[6] Apud Streck, p. 175.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[7] Apud Eagleton, p. 172.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[8] Rector, p. 93.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[9] Para Deely: “Ser um signo é uma forma de prisão a um outro, ao significado, o objeto que o signo não é mais que, todavia, representa e substitui.” (p. 54).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[10] Pessoa , p. 64.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[11] Deely, p. 29.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[12] Vecchio, p. 314.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[13] Souza, 2002, p. 51.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[14] Levinas, cap. XVIII.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[15] Freire, p. 85.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[16]Souza, 2002, p. 51.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[17] Boff, p. 33.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">BIBLIOGRAFIA</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">BOFF, Leonardo. Saber Cuidar: Ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 1999.</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">BONOMI, Andrea. Fenomenologia e Estruturalismo. São Paulo: Perspectiva, 1974.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">CARVALHO, Irene Mello. Introdução à Psicologia das Relações Humanas. Rio de Janeiro: RGV, 1976.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">DEELY, John. Semiótica Básica. São Paulo: Ática, 1990.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">EAGLETON, Terry. Ideologia. São Paulo: UNESP., 1997.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">PESSOA, Fernando. O Guardador de Rebanhos. Poemas. 7 ed., Rio Janeiro: 1995</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">RECTOR, Mônica; NEIVA, Eduardo. Comunicação na era da pós-Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1997.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">SOUZA, Regina Maria. O olhar e esses anormais: notas um tanto desencontradas sobre o racismo em nós. Campinas: Educação e Sociedade n 79, CEDES, 2002.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica Jurídica em Crise. Porto Alegre: Livraria e Editora do Advogado, 1999.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ref. Eletrônica:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Candido. A Crise dos Paradigmas Modernos. 1995, p. 1. Disponível em: </span><br />
<http: paradigmas.html="" www.hotnet.net="" ~candido=""><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">. Acesso em 12 dez 2001.</span></http:></div>José Luongohttp://www.blogger.com/profile/16039926469375773755noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3418221959165434531.post-35249251781037004342010-05-05T11:44:00.000-07:002012-06-06T16:11:55.072-07:00O exílio do sagrado e da ética na crise da modernidade (sinópse)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">José de Deus Luongo da Silveira (Org.)</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/_q9ZRgi5Dvss/S-I1KW1KsyI/AAAAAAAAB9U/7yLz0w-4llA/s1600/OVPB5.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: x-small;"></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL8Meh3jVgkbKrGmyiErEIYSeymrVUtd291cRYu2gLRwDzWFLBguRifg_6SpYjzsK5xUfMzlO2kzKbyMQ1YrrnYG1aYmJxLuLyVKcgbD7Xdiv0imdYquUZexXYJeCT-V7IstHYNwOEsg/s1600/encontro+DEUS+E+O+HOMEM.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL8Meh3jVgkbKrGmyiErEIYSeymrVUtd291cRYu2gLRwDzWFLBguRifg_6SpYjzsK5xUfMzlO2kzKbyMQ1YrrnYG1aYmJxLuLyVKcgbD7Xdiv0imdYquUZexXYJeCT-V7IstHYNwOEsg/s1600/encontro+DEUS+E+O+HOMEM.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">1. RELEVÂNCIA DO TEMA</span>: A ética e a </span><a href="http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/brasil/cpda/estudos/cinco/sergio5.htm"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">crise da modernidade</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> tem sido um dos temas mais discutidos na atualidade. E a discussão se aprofunda quando nem ao menos temos um princípio geral de </span><a href="http://www.espacoacademico.com.br/047/47pol.htm"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">definição de modernidade</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">. O que é a modernidade (...?). Não sabemos! Ela é a fusão do múltiplo, do heterogêneo, do fragmentado, do efêmero, onde se envolve atividade racional, científica, tecnológica e administrativa. Basicamente, existem duas figuras condensadoras da modernidade: a racionalização e a subjetivação. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> <em>“Racionalização e subjetivação aparecem ao mesmo tempo, como a Renascença e a Reforma, que se contradizem, mas se completam ainda mais[1]” [...] “O drama da nossa modernidade é que ela se desenvolveu lutando contra a metade dela mesma, fazendo a caça ao SUJEITO em nome da ciência, rejeitando toda a bagagem do cristianismo que vive ainda em Descartes... (destruindo) a herança do dualismo cristão e as teorias do direito natural que haviam provocado o nascimento das Declarações dos direitos do homem e do cidadão nos dois lados do Atlântico[2]”</em>. A modernidade precisou </span><a href="http://www.webartigos.com/articles/12441/1/Identidade-Cultural-na-Pos-Modernidade/pagina1.html"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">matar o SUJEITO</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> para triunfar. No plano da ética, o problema se torna bem mais crucial. A pergunta a ser feita, hoje, é se os </span><a href="http://www.consciencia.org/fundamentosfilosofiamorente22.shtml"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">valores éticos</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> se constituem em padrões uniformes, imutáveis e universais ou devemos ter regras casuísticas de conduta? Devemos adotar a subjetividade ou a objetividade axiológica? A absolutividade ou relatividade dos valores éticos? A sua Igualdade ou hierarquia? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> Esses questionamentos permanecem ainda insolúveis, temos mais de três séculos de discussão sobre o triunfo da razão e o esboroamento das tradições ocidentais. E AGORA, o </span><a href="http://www.saude.inf.br/artigos/posmodernidade.pdf"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">esgotamento da modernidade</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> se transforma em sentimento de angústia e desencantamento do mundo. Surge a secularização e a separação entre o mundo dos fenômenos (da técnica) e o mundo do ser. De acordo com Habermas e a concepção weberiana, não nos aprisionamos mais em uma jaula de ferro. Contudo, parte da filosofia não se engaja na discussão do mundo novo, parte da filosofia permanece arrebatada na contemplação dos grandes pensadores, sem trazê-los para fermentar a realidade do cotidiano. Mudaram os mitos, apagaram-se as luzes e alguns pensam que a filosofia ainda pensa controla a situação. Na figura do burguês decadente, a filosofia <em>[...] segue enfadonha e cansadamente o seu caminho como se nada tivesse mudado. Como uma idosa viúva que, falida e depauperada, vivendo numa decadente mansão, caindo aos pedaços no limite da cidade, ainda faz de conta que sua família continua controlando a cidade...[3].</em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> Com a modernidade, a ciência se isolou de qualquer referência à religião, decretando o </span><a href="http://www.unifra.br/thaumazein/edicao1/artigos/dessacralizacao.pdf"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">exílio do sagrado</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">, como se a única resposta para o homem se condicionasse ao discurso científico. A ciência moderna está empenhada em transformar o mundo com novas tecnologias, mas para que mudar o mundo se a ciência ignora o homem com suas crenças e valores? De que servem todas as conquistas científicas se não para benefício do homem? E onde está o encontro da ciência com os valores humanos?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> Contudo, surgem as reações antimodernistas com Nietzsche, Freud, a Escola de Frankfurt, Michel Foucault e outros. Já no começo do séc. XIX (1818 – em “O Mundo como vontade e como representação”), Schopenhauer se distancia do mundo da razão e da técnica e afirmando que é preciso destruir o EGO, a ilusão da consciência e da ordem social, da racionalidade desenfreada do neoliberalismo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> Nietzsche combate Schopenhauer, mas adota a sua crítica individualista. Ele se coloca no interior da modernidade, reivindica a herança iluminista, particularmente de Voltaire, sobretudo pela reação volteriana ao cristianismo. No terceiro capítulo da obra A </span><a href="http://to-campos.planetaclix.pt/nietzsche.htm"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Gaia Ciência</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">, Nietzsche (2002), nos deixa carregados de culpa, quando diz: <em>Deus está morto. Nós o matamos. Deus permanece morto. E fomos nós que o matamos. Como nos consolar, nós, os assassinos dos assassinos? Aquilo que o mundo possuía até agora de mais sagrado e de mais poderoso perdeu seu sangue sob nossos punhais. Quem limpará esse sangue de nossas mãos? Que água lustral poderá jamais nos purificar? Que solenidades expiatórias, que cerimônias sacras precisaremos inventar?” [...] E continua: Quem quer que nasça depois de nós pertencerá, em virtude dessa mesma ação, a uma história superior a tudo o que foi história até agora!</em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> Ao continuarmos a reflexão dessa problemática, convém nos situarmos dentro do contexto relacional da modernidade, do </span><a href="http://www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/c_deak/CD/4verb/neolib/index.html"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">neoliberalismo</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> e da </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">globalização</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">, para melhor trabalharmos o tema da ética e da crise da modernidade. </span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">2. A MODERNIDADE QUE TRAZ EM SEU BOJO O COGITO CARTESIANO</span>, pelo excesso de </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">racionalização</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">, se instala no plano político-econômico com o neoliberalismo e a globalização, funcionando como a ditadura extremada da razão e a morte do SUJEITO. Como se sabe, o Neoliberalismo nasceu depois da II Guerra Mundial, na Europa e nos EEUU, como uma reação teórico-política ao Estado Intervencionista do Bem-Estar Social. O Estado do Bem-Estar Social surgiu no início do séc. XX, mas só se desenvolveu após a II Grande Guerra, se caracteriza pelo intervencionismo estatal em setores que antes eram reservados aos cidadãos, como setores econômicos estratégicos, siderurgia, energia, petróleo, telefonia, empresas, redação e distribuição de jornais. No Rio de Janeiro o Estado Brasileiro era responsável até por lojas de confecção de roupas, etc.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">3. O TEXTO-BASE DO NEOLIBERALISMO</span> é “O caminho da Servidão”, de </span><a href="http://br.monografias.com/trabalhos915/origem-neoliberalismo-brasil/origem-neoliberalismo-brasil2.shtml"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Friedrich Hayek</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">, de 1944, no qual se atacavam os mecanismos de mercado, tendo como alvo o Partido Trabalhista Inglês, nas eleições de 1945.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">4. SE FIZERMOS UMA RETROSPECTIVA DOS PARADIGMAS ESTATAIS</span>, o primeiro grande paradigma estatal é o Estado de Direito ou Estado Moderno que surgiu no séc. XVIII e se caracterizava pela mínima intervenção do Estado; o modelo liberal de Estado é substituído pelo Estado do Bem-Estar Social, grande, lento, ineficiente, draconiano, paquidérmico e injusto; na década de 70 surge o Estado Democrático de Direito que não abandona os paradigmas anteriores, simplesmente incorpora novos direitos, como os direitos difusos, direitos ambientais, do consumidor, etc.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">5. CONSOLIDOU-SE O NEOLIBERALISMO</span> na Inglaterra, com Dama de Ferro; nos EEUU com Reagen; no Chile com Pinochet; na Bolívia com Banzer e Paz Estensoro; no México com Salinas; na Argentina com Menen; na Venezuela com Andréz Peres; no Peru com Fujimori; também no Japão, na Coréia, em Singapura, na Malásia e no Brasil aparece com Collor de Melo, etc. Na União Soviética, em nome do neoliberalismo, a Perestroika de Gorbatchov, retirou a Rússia do comunismo e a entregou à máfia russa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">6. A NOVA VIRADA DOS ANOS 70 e 80 </span>acelerou a industrialização, a aquisição de novas tecnologias, crescimento dos mercados. O Neoliberalismo tornou-se uma superestrutura ideológica e política que acompanha as transformações da história do capitalismo moderno.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">7. O NEOLIBERALISMO E A MODERNIDADE ROMPEM COM AS ESTRUTURAS CONCEITUAIS DO PASSADO </span>e se apresentam como uma visão nova da realidade, “como (um) sistema unitário de conhecimento autocentrado na subjetividade[4]”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">8. É IMPOSSÍVEL ESTUDAR O NEOLIBERALISMO SEM EXAMINAR OS PRESSUPOSTOS DA MODERNIDADE.</span> A modernidade, onde se insere o Neoliberalismo é uma perspectiva de superação do paradigma ontológico, cujo embrião nasceu na Reforma Protestante e do Renascimento, toma corpo e se acentua nos diferentes saberes e nas artes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">9. PARA EXPRESSAR ESSES NOVOS TEMPOS</span> fala-se em termos, tais como, fase pós-moderna, pós-industrial, pós-cristã, pós-quebra de paradigmas, etc.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">10. O NEOLIBERALISMO E A MODERNIDADE SÃO UMA RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CAPITALISMO</span>, que rompe com o passado e se articula num horizonte aberto, onde sempre cabem novas abordagens, geralmente megalomaníacas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">11. PODEMOS ENTENDER A MODERNIDADE COMO A FRAGMENTAÇÃO DOS PARADIGMAS ESTABELECIDOS </span>(construídos em unidades fechadas), que se abrem, sem medo, em direção ao novo, ao desconhecido. Há, inclusive, nesses novos tempos, o desejo incontido de avançar, de transpor limites, de sair do convencional, de se expor, de correr riscos, de ser diferente. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">12. É A NOVA DIÁSPORA</span>, grupos humanos dispersos que tomam consciência de suas finitudes, de estarem aqui e agora imersos na existência e querem respostas, querem sair dos guetos tradicionais do pensamento ocidental e se aventurarem em direção a novas estruturas conceituais. Nesse sentido, a modernidade parece ser a maioridade da razão, ou quem sabe, o atrofiamento da razão, com a desumanização do homem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">13. A PARTIR DESSA PREMISSA, A MODERNIDADE É UM MARCO OUSADO, A ENCRUZILHADA DA RAZÃO</span>, ou a forma de re/inventar novos corredores de pensamento que satisfaçam os questionamentos. São novas leituras do mundo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">14. A GLOBALIZAÇÃO É FILHA ADULTERINA DO NEOLIBERALISMO</span>: Com o advento da globalização, fala-se numa multiplicidade sígnica: multimídia, desterritorialização, transculturação e reterritorialização, que faz com que o homem do povo se torne um mero expectador, que não entende o enredo, mas assiste ao espetáculo. Apenas sabe dizer/falar o nome dos novos deuses, mas desconhece o esquema comunicativo do discurso, ele consome o pacote pronto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">15. FALA-SE NO FIM DA HISTÓRIA E NO FIM DA GEOGRAFIA</span>[5]. A geografia passa a ser a dos países centrais ou produtores e países periféricos ou consumidores; a história passa a ter o caráter de contemporaneidade e não-contemporaneidade. Assim, tempo e espaço possuem novas dimensões epistemológicas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">16. SURGEM OS NOVOS MITOS</span>: o mito da certeza racional (a razão torna-se o único instrumento para conhecer a verdade). O mito da cientificidade, do progresso, consumismo desenfreado, da subjetividade, etc. Na modernidade, os mitos que criamos foram deixados sem controle e tornaram-se loucos. Eles povoam o nosso cotidiano. Aqui se pode estabelecer a diferença entre alienação e consciência crítica (...?).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">17. O IMPACTO DO NEOLIBERALISMO NA CIDADANIA E NAS DEMOCRACIAS LATINO-AMERICANAS</span>: O impacto negativo sobre os povos da América Latina; relativização da democracia e da soberania nacional dos Estados; pobreza, miséria e exclusão social; criando duas figuras: subcidadãos x sobrecidadãos ou os subintegrados x sobreintegrados; criando a febre privativista (entreguismo ao capital internacional); duas sociedades irreconciliáveis: pobres e ricos; império do mal com enormes custos sociais; egoísmo racional e individualismo solidário; submissão ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional o que conduz ao atraso econômico dos países pobres. A Dívida Interna Brasileira atinge a cifra de 600 Bilhões de reais, ultrapassando 50% do PIB. E a Dívida Externa Brasileira passa de 300 Bilhões de Dólares. Só em 2001, o Brasil pagou US$43 Bilhões aos credores internacionais, sendo que a dívida “per capita” é de US$1.387 dólares. Dentro desse contexto, o neoliberalismo é uma espécie de canibalismo, onde o grande e forte se alimenta do pequeno e fraco.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">18. A CRISE E O FUTURO DO NEOLIBERALISMO</span>: O futuro do capitalismo será o próprio capitalismo, mais desumano, selvagem, predador ? Haverá outra perspectiva possível, quem sabe o fim do eurocentrismo e do centralismo dos EEUU? De qualquer forma é inegável admitir que, o Neoliberalismo sobrevive pela incapacidade das esquerdas. Para Perry Anderson o pós-neoliberalismo pode desembocar no neo-socialismo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">19. COM O NEOLIBERALISMO E A GLOBALIZAÇÃO</span>, com a idéia de países produtores e massa consumidora, despersonalizada, como adaptar a essa realidade às necessidades de afirmação do individuais? Segundo, Touraine (1994), o </span><a href="http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/brasil/cpda/estudos/cinco/sergio5.htm"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">homem moderno</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> está ameaçado pelo poder absoluto do EGO, pela idéia de massa, pelo totalitarismo da sociedade de consumo. O pensamento contemporâneo está marcado pela luta entre o Ser perdido e o </span><a href="http://lildbi.bireme.br/lildbi/docsonline/lilacs/20090500/375_v16n4a18.pdf"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">ser-no-mundo</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">, entre o niilismo triunfante depois da morte de Deus, do logos divino e das idéias platônicas e a idéia de homem como portador de tradição, de cultura e de história. Com a demolição do pensamento anterior, do SER PERDIDO, se cria algo novo, que não é o EGO individual (identificado como razão, que é conservador, medieval, carregado da idéia de rebanho, de massificação) e também não é o </span><a href="http://www.psicoanalitica.com.br/si_mesmo.htm"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">SI-MESMO</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> (SELF), construído pela sociedade, mas a emersão do SUJEITO. A partir de Nietzsche e Freud o indivíduo deixa de ser concebido como trabalhador, consumidor, cidadão, deixa de ser um ente social e se torna um ser de desejo, em Ser individual, um SER privado. O SUJEITO é redefinido: não está mais ligado a Deus, a razão e a história. Deus está morto, a razão se tornou instrumental e a história está dominada pelos Estados Unidos da América e pela União Européia. <em>“O SUJEITO também não é a alma em oposição ao corpo, mas o sentido dado pela alma ao corpo, em oposição com as representações e as normas impostas pela ordem social e cultural[6]”.</em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">20. A PASSAGEM DO INDIVÍDUO, AO SUJEITO E AO ATOR</span>: <em>“O SUJEITO é a vontade de um indivíduo de agir e de ser reconhecido como ator[7]”.</em> O </span><a href="http://publique.rdc.puc-rio.br/desigualdadediversidade/media/Dubar_desdiv_n3.pdf"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">indivíduo</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> é a unidade particular onde se misturam a vida, o pensamento, a experiência e a consciência. O SUJEITO é a passagem do id ao ego. O EGO é construído pela cultura e mata as possibilidades do SUJEITO. O EGO é o indivíduo consumidor que se submete às instâncias do Estado. O EGO é a afirmação como experiência de massa, reforça a inação das diferenças, fica preso ao sistema. Ele conserva a modernidade, mas não a transforma. Nesse caso, como recuperar essa falta da dialogicidade entre a razão e o SUJEITO? Se de um lado, o SUJEITO sem a razão se fecha na obsessão de sua identidade e, de outro, a razão sem o SUJEITO se torna instrumento de poder? Parece que a resposta está no próprio SUJEITO, O SUJEITO paira sobre tudo, está suspenso entre o céu e a terra, em constante construção, recria as suas razões ou ele deixa de ser SUJEITO, deixa de ser ATOR da história e volta a ser o indivíduo, isso porque a idéia de SUJEITO não pode ser separada da idéia de ATOR SOCIAL. O ATOR, por sua vez, é o inverso do SI-MESMO, porque é aquele que em vez de desempenhar os papeis que correspondem a seu status, constrói o campo social a partir da subjetivação. Não existe ATOR sem SUJEITO e não existe SUJEITO sem ATOR. O SUJEITO é uma reflexão do indivíduo sobre a sua própria identidade, por isso a idéia de SUJEITO está na contra-mão do pensamento moderno, está na contra-mão do neoliberalismo e da globalização . A subjetivação é a transformação do indivíduo em SUJEITO. Em Michel Foucault a subjetivação é uma forma de sujeição, com o aparecimento da idéia de construção do ‘homem interior, psicológico’. O SUJEITO não é impessoal, como Deus, a razão, a história. Nessa mudança, o EGO se parte em dois: de um lado o SUJEITO (associado à liberdade, à visão crítica do mundo) e de outro, o SI-MESMO (SOLT) (associado à natureza e a sociedade, o SI-MESMO é mera reprodução da realidade). O SUJEITO descobre que na ética, entre a lógica do bem e do mal, existem condutas neutras, técnicas, rotineiras, mas o bem e o mal aparecem desde que uma conduta seja social, desde que ela vise modificar o comportamento de um outro ATOR SOCIAL.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">21. A ÉTICA E A RELIGIÃO SÃO ESPAÇOS DE EXPERIMENTAÇÃO DO SUJEITO</span>: A modernidade é a ruptura com o sagrado, é o dilaceramento do sagrado, a perda da idéia de mistério, da linguagem inconsciente, algo que está mais além (o ainda não), que se constitui numa ordem simbólica, num campo aberto a vários campos de sentido. Por isso, nunca se esgotam as possibilidades de interpretação dos símbolos religiosos, eles são arquétipos com cunho transpessoal e estão na raiz da nossa experiência existencial. Ao entrar na modernidade a ética e a religião entraram em crise, uma vez que na sociedade da técnica não há mais lugar para a tradição. Para sobreviver na modernidade, a religião e a ética necessitam adquirir a idéia de SUJEITO, algo semelhante à experiência amorosa, que descobre a subjetividade. Sendo assim, a religião e a ética se transforma em uma âncora de resistência à modernidade avassaladora. A religião e a ética ao ousar sair do EGO individual, forçam a emergência do SUJEITO, deixando para traz o espírito de rebanho que é a conservação do EGO, conservação do indivíduo preso no contexto sócio-cultural. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">22. DIRÃO QUE ESTOU FALANDO MUITO POUCO SOBRE ÉTICA</span> e muito sobre as estruturas do pensamento que perpassa a modernidade. Contudo, o que é a ÉTICA, a exteriorização da conduta, se não aquilo que, no nosso âmago, acreditamos como certo, não porque os outros dizem que é conduta correta, mas porque a nossa interioridade nos dá essa certeza? Enquanto permanecermos no EGO construído pela nossa cultura não a possibilidade de uma catarse individual, da descoberta de algo que é nosso, como a construção do SUJEITO que recria as suas razões. A modernidade já foi muito longe. A modernidade matou Deus. Em Nietzsche “Deus está morto”. Foi o que aconteceu com a religião, a racionalização da realidade destruiu o marco referencial da fé, destruiu as distinções entre o temporal-espiritual, e natural-sobrenatural. A modernidade pensa que superou o dualismo entre o sagrado e o profano, negando o sagrado, como um enxerto artificial que se insere na realidade da vida. A modernidade esqueceu que o sagrado não é distinto do cotidiano, não é um não-mundo ou um antimundo. Quando Tertuliano diz que “acredito porque é impossível”, está querendo dizer que a há um ponto de conexão, onde a razão não chega sozinha. Está querendo dizer que o homem necessita da sensibilidade, da emoção e do mistério, tanto quanto a razão. Necessita de algo além de toda a esperança humana ou “o sucesso prometido além de todos os fracassos”[8]. É impossível alcançar uma definição exata desse “acredito por que é impossível”, de Tertuliano; e o melhor que podemos fazer é sugerir uma abordagem "em torno do tema", porque essa frase representa um enigma profundo, que ultrapassa a nossa compreensão racional: (...) uma parte do seu sentido permanecerá sempre intangível e avessa à formulação de uma resposta racional. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="color: #b45f06;">23. A CONSTRUÇÃO DO HORIZONTE DE ESPERANÇA</span>: Como recuperar a tradição ética e a idéia de comunidade dentro de uma nova definição de modernidade? Isso porque, a modernidade que está posta, é pura massificação, dominação e opressão. A resposta está centrada na </span><a href="http://www.uepg.br/emancipacao/pdfs/revista%208-2/artigo-2-Salete-21-34.pdf"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">visão crítica do SUJEITO</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">. A presença do </span><a href="http://www.scielo.br/pdf/raeel/v5n1/29568.pdf"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">SUJEITO</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> no </span><a href="http://www.webartigos.com/articles/12441/1/Identidade-Cultural-na-Pos-Modernidade/pagina1.html"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">indivíduo</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">, coloca o indivíduo no mundo, ele se abre para ser-com-os-outros, a partir da exterioridade do Outro como sujeito ético, com rosto e com corporeidade, que grita e reclama justiça. As religiões demonstram que da queda do SUJEITO, da consciência do pecado, nasce o apelo à graça e à redenção. O SUJEITO se reconhece e se define por reunir o que está separado. <em>“A religião do futuro é substituída pouco a pouco pela saudade do SER, pelo pesar daquilo[9]”</em> que perdemos. Para o cristianismo, e preciso amar o próximo como criatura de Deus e amar Deus no próximo. Essa máxima cristã pode ser dita na nova modernidade, como o ato de reconhecer o outro como SUJEITO, uma vez que é na relação amorosa ou amigável que o SUJEITO se afirma. E aqui, no aparecimento do SUJEITO torna-se atual o BANQUETE de Platão (em Platão, o amor é uma resposta espiritual, e mesmo que haja a presença da corporeidade, ela não aprisiona o amor. O amor é a inesgotável contemplação do SER). É a relação amorosa que separa os determinismos sociais, nascidos do indivíduo e faz a emersão do </span><a href="http://www.psicanaliseefilosofia.com.br/adverbum/Vol1_1/sujeito_etico.pdf"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">SUJEITO ÉTICO</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">. O fundamento da nova ética não está no legalismo (cultura), no naturalismo (na seleção natural), no relativismo, no hedonismo. O fundamento da nova ética está centrado no SUJEITO que descobre o outro, descobre o verdadeiro sentido da </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Alteridade"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">alteridade</span></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">. Incrível!!! Caminhamos por tantas estradas, defendemos tantas teorias ao longo desses três séculos, para por fim, resignados, descobrirmos que a nova ética é a mesma ética defendida pelo cristianismo, desde o início: Reconhecer o outro como SUJEITO, uma vez que é nessa relação amorosa ou amigável que os SUJEITOS se afirmam. Essa afirmação do homem como SUJEITO de sua própria história, demonstra que ninguém realiza ninguém e ninguém se realiza sozinho, só nos realizamos no ENCONTRO. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">_____________</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">[1] TOURAINE, 218.</span></div>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">[2] Id., p. 219.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">[3] Referindo-se ao protestantismo histórico americano, Stanley Hauerwas & William Willimon, cit. ap. Tom SINE, Wild Hope, Word Publishing, Dallas, 1991, p. 196; (Cfe. Steuernagel, Valdir R. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana rumo ao ano 2000. Estudos Teológicos. São Leopoldo-RS, 36 (1): 82, 1996). Nesse mesmo sentido, Bobbio afirma que “O filósofo que se obstinar em permanecer só termina por condenar a filosofia à esterilidade.” (1992, p. 24).</span></div>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">[4] HABERMAS, apud Mário Osório Marques. Conhecimento e Modernidade em Reconstrução. Ijuí: UNIJUÍ, 1993, p. 41.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">[5] IANNI, Otávio. Teorias da Globalização. Editora Civilização A Brasileira, 1996. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">[6] TOURAINE, p. 222.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">[7] p. 220.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">[8]M. Crubellier. Sens de L'Histoire et Religion, Desclée de Brouwer, 1957, p. 187.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">[9] Id. p. 382.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">REFERÊNCIAS </span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">ANDERSON Perry et al. Pós-liberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996 </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">BERGER, Peter L. A Revolução capitalista. Belo horizonte: Itatiaia , 1992.</span></div>
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<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">CRUBELLIER, M. Sens de L'Histoire et Religion, Desclée de Brouwer, 1957</span></div>
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<div style="text-align: justify;">
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<div style="text-align: justify;">
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<div style="text-align: justify;">
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Petrópolis, Vozes, 1994.</span></div>
</div>
</div>
</div>
</div>José Luongohttp://www.blogger.com/profile/16039926469375773755noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3418221959165434531.post-2438986637017805522010-03-21T08:23:00.000-07:002012-06-06T16:13:05.846-07:00... Ainda existe o pecado?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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</div>
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</div>
<div style="text-align: right;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrpDn08JK8BAFkKoFKl-iFRS_fO_nRYvngyzmg-vUOKGwS37azWgrKg1xrz-AiM6cvpwC1Bc4S-v_yUi8Rd2Sgp8ySsC6zAwB806NbE16cZP66gQaOkn3o0Gt5QzpOL-GxgYXHQxghKw/s1600/images+(32).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrpDn08JK8BAFkKoFKl-iFRS_fO_nRYvngyzmg-vUOKGwS37azWgrKg1xrz-AiM6cvpwC1Bc4S-v_yUi8Rd2Sgp8ySsC6zAwB806NbE16cZP66gQaOkn3o0Gt5QzpOL-GxgYXHQxghKw/s1600/images+(32).jpg" /></a></div>
<span style="color: #666666;"> <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">José Luongo da Silveira</span> *</span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="color: #7f6000;">“Não existe pecado do lado de baixo do equador...”</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="color: #7f6000;">Chico Buarque</span><br />
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="color: #783f04;">“Tudo o que Deus criou é bom e só o que ele criou existe. Portanto, pecado é uma ilusão, ele não existe, pois Deus não o criou”. Shigueoka</span><br />
<span style="color: #783f04;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #783f04;">Para a tradição ortodoxa, o Mal “não tem substância, mas é a falta do Bem, (...) é desarmonia, ausência de beleza, de vida, de inteligência”. Teólogo Ortodoxo Lambros Siassos.</span><br />
<span style="color: #783f04;"><br />
</span></div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<span style="color: #783f04;">“Ó feliz culpa! (de Adão e Eva) Que nos trouxe o benefício de um tão grande Salvador!”. </span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="color: #783f04;">Santo Agostinho.</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="color: #783f04;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #783f04;">“Não consigo entender o que faço; não pratico o que quero; pois não pratico o bem que quero, mas faço o que detesto. Não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se eu faço o que não quero, já não sou eu que estou agindo, e sim o pecado que habita em mim. Constato pois a lei: quando eu quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. Eu me comprazo na lei de segundo o homem interior; mas percebo outra lei em meus membros, que peleja contra a lei de minha razão e que me acorrenta à lei do pecado que existe em meus membros”. Rm. 7, 15-23.</span></div>
<br />
<span style="color: #990000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">1. O SURGIMENTO DA IDÉIA DE PECADO, DE TABU OU DE INTERDITO</span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span style="color: #666666;"> </span><span style="color: #666666;"> É possível que inicialmente a idéia tabu e de interdito não tivesse conotação religiosa, surgindo da experiência casual se constituísse na primitiva forma de organização da sociedade, que estabelecia padrões para regular a insipiente vida comunitária. A experiência e o fascínio do sagrado, esse encantamento do mundo, num primeiro momento, poderia ser não-religioso e estar ligado à experiência duma ontofania, onde o sagrado permeia toda a realidade e exprime a significação incondicionada[1].</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O homem percebeu-se, desde cedo, mergulhado numa complicada rede de experiências concretas que vão das motivações biológicas às influências do grupo social, envolvendo a apreensão de imagens, de circunstâncias e fatos que povoam seu cotidiano. Como ser biológico, o homem vive e sente, mas</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Não possui ele a inocência do animal, que pode abandonar-se à sensibilidade e ao instinto para orientar-se na vida; mas primeiro, deve conhecer bem o que ele é, e logo, conhecer o mundo e a realidade de que faz parte, e depois viver, orientar-se livremente, de conformidade com este conhecimento profundo[2]. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A partir dessa ótica, a realidade toda se apresenta como um campo aberto, com diferentes graus de comunicação, mas passível de ser investigada e interpretada. O homem emerge da inteligência concreta, atrelada só às experiências vividas, e penetra no mundo das idéias abstratas, graças à representação simbólica do mundo da linguagem[3], somente nesse ponto é que emerge a idéia de pecado, de transgressão e culpa. Diante do sagrado se estabelece uma estrutura de dialogicidade e de conflitualidade. É evidente a ambivalência do sagrado que se apresenta benéfico e maléfico e onde o sacrifício apazigua e aplaca a ira dos deuses, por causa do pecado dos homens. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Reconhecemos que se torna difícil qualquer incursão no tempo para reconstituir o passado do homem, o seu modo de vida primitivo, as suas relações com a natureza e a irrupção do divino na trama do mundo. As fontes disponíveis são meros relatos míticos, inscrições e objetos que, de algum modo, refazem o cotidiano do homem durante a fase que vai do eolítico à revolução neolítica. Um recurso disponível de grande alcance, a serviço da sócio-antropologia, é o exame do estilo de vida das comunidades primitivas de hoje, as quais levantam a ponta do iceberg sobre o paulatino desenvolvimento da inteligência, os hábitos de vida e os regramentos sociais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A primeira fase de interpretação do mundo caracterizou-se pela alternância entre o desejo e o medo, entre a realidade pré-reflexiva das emoções e a angústia do desconhecido, entre o mundo visível, “concebido como repetição de um ato mítico[4]”, e o mundo invisível e imaginário. Entretanto, o ato de modelar a realidade, muito embora de modo fragmentário, já começou na pré-história. O mundo não-reflexivo não é de indiferença em face aos fenômenos naturais. Desde cedo a ação humana se faz sentir através de uma interpretação da realidade, a partir do desejo de dominar os fatos e acontecimentos a que estava sujeita. Essa fase não-crítica constrói um conjunto de verdades intuídas capaz de dar suporte às indagações sobre o mundo. O toque do sagrado perpassa todas as coisas, revelando dramaticamente uma gnose intuída, para tentar compreender o enigma da vida e do universo. Nessa fase, os rituais mágicos desempenham o papel de aplacar a ira dos deuses e fortalecer a confiança do homem em si mesmo. A perspectiva do sagrado parte do pressuposto de que o inexplicável depende de ações mágicas, para se tornar propício aos desejos e interesses da tribo ou do grupo. O sacrifício de uma vítima tem o poder para instaurar e restaurar a ligação entre o povo e a divindade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A manifestação da consciência coletiva, marcada pelo medo, gera inicialmente o culto às misteriosas forças da natureza e, mais tarde, às divindades funcionais que regulavam os diferentes ciclos da natureza. Permanece atrelada ao coletivo a consciência do eu, de tal modo que a adesão, sem críticas, às tradições do grupo comunitário, modela toda a realidade percebida, onde o pecado individual tem as conotações de coletivo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O indivíduo se move dentro de um mundo dinâmico, onde as funções e atividades exercidas pelos diferentes segmentos têm a aceitação dos demais membros da comunidade. É indiscutível que os mais espertos manipulavam a realidade, sob o manto do fantasioso sagrado livremente aceito, para incutir o medo e a insegurança do desconhecido nos demais componentes do grupo. Mesmo porque as regras de conduta social eram ditadas pelos chefes que acreditavam/afirmavam sua procedência divina. É perfeitamente crível que, num primeiro momento, tenha sido esse o entendimento; porém, com o tempo e o desenvolvimento nas relações tribais, aproveitadores manipulavam a estrutura social de acordo com a sua vontade, para obter prestígio ou a preservação de sua autoridade total sobre o grupo liderado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Juntamente com os sacrifícios de animais e humanos[5], para a expiação dos pecados do povo, os banimentos do grupo tribal constituíam as mais elaboradas formas de dominação e opressão das sociedades primitivas. As freqüentes exclusões sociais, como forma de banimento na sociedade primitiva, faziam com que o excluído, muito embora continuasse presente, tivesse a sua presença física ignorada e, portanto, acabasse desassistido pela comunidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Desde o início, está presente o critério de domínio do grupo sobre o indivíduo. À adesão irrestrita ao grupo tribal corresponde a única forma de sobrevivência possível. Toda a consciência mítica é perpassada pela experiência comunitária, onde o indivíduo existe em função do grupo a que pertence. A consciência de si mesmo como indivíduo é relativizada pela preponderância do coletivo[6]. Na verdade, é a aceitação tácita do coletivismo sem nenhum traço de individualidade. A consciência mítica funciona como um processo que foi se sedimentando aos poucos, de modo comunitário, ‘vivo’ e rico em significação e que surgiu espontaneamente no meio do povo, como uma resposta intuída, embora seja possível que a então dominante casta sacerdotal tenha sido responsável por sua manutenção e interpretação[7]. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Encontra-se, como elemento comum nas diferentes culturas pré-históricas, a fase das divindades funcionais, encarregadas dos diferentes ciclos da vida. É possível que também tenha aparecido uma elaborada casta sacerdotal para a prática de rituais mágicos, a fim de aplacar a ira dos deuses. Aproveitando-se dessa estrutura, pode ter surgido a mais terrível forma de dominação, com a prática reiterada de sacrifícios humanos, sob o pretexto de proteger as colheitas e as vidas da ira das deidades[8]. O critério expiatório das transgressões do povo centrava-se nos ritos sacrificais, “o sacrifício da culpa ou da reparação” e, muitas vezes, exigia imolações humanas. A idéia fundamental dos holocaustos e a significação do derramamento de sangue era o centro da noção de sacrifício que não dependia do querer humano, mas exclusivamente da vontade dos deuses, revelada à casta sacerdotal. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Já entre os hebreus, no culto oficial, era comum o sacrifício de animais, quando a carne da vítima ou só as gorduras eram consumidas sobre o altar em honra de Javé. Havia também a refeição sacrifical, em que o povo consumia a carne do sacrifício - o ato de “comer e beber na presença de Javé[9]”. O centro da idéia de sacrifício do povo hebreu era uma tentativa de obter a bênção sobre os rebanhos e frutos. Essas oferendas santificavam os rebanhos e os frutos da terra. Havia também entre os israelitas a idéia de sacrifícios expiatórios pelos pecados do povo[10] e até mesmo a compreensão de que Javé se alimentava das oferendas[11]. Na América, na Ásia e em outros continentes, há inúmeros vestígios de sacrifícios humanos; a própria Bíblia relata o sacrifício de crianças, considerando-o como uma profanação[12], realizada por povos vizinhos[13]. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A questão é saber se, do período Paleolítico Inferior ao Neolítico, essas práticas ritualísticas emergiram só da convicção religiosa, nascidas do imaginário coletivo, ou se constituíram-se, aos poucos, num instrumento de dominação e controle sobre o grupo social. Parece óbvio que, desde a primeira forma de organização social, os detentores do poder criaram instrumentos para a regulação de seus interesses e privilégios pessoais, camuflados por uma cosmovisão religiosa, que carregava a idéia de pecado e de culpa, essa última advém da violação do costume. Examinando-se as sociedades pré-históricas, percebe-se quão antigo é o processo de dominação. São milhares e milhares de anos de opressão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Para o homem primitivo, mergulhado numa estrutura mágica, onde “o mito é a primeira fala sobre o mundo[14]”, a realidade é essencialmente dogmática. Aliás, ainda hoje, quanto mais atrasada é uma comunidade ou instituição, mais presa a conceitos fixos e rijos se encontra. Nesses contextos, as regras de conduta coletiva se tornam, aparentemente, tão evidentes que não se admite contestação, criando o que se convencionou chamar de “tabu”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A passagem da realidade pré-lógica para a racionalidade reflexiva teria sido o resultado de um longo despertar, onde a interpretação mítica vai cedendo lugar à percepção da individualidade[15]. O “eu” vai desaparecendo como personagem[16] mergulhado no grupo social e toma consciência de sua individualidade. Contudo, essa ruptura total entre “mythos”, o componente mágico da realidade, e “logos” nunca aconteceu. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Era de se esperar que os avanços científicos e tecnológicos decretassem a morte do mito, como uma forma de saber ingênuo situado na distante pré-história. Houve, inclusive, alguns pregoeiros, como Augusto Comte, que decretaram a morte do mito (...). Para o moderno racionalismo parece haver inteira oposição entre o mito e a coisificação do pensamento científico. Entretanto, por mais absurdo que pareça, a moderna ciência fez renascer o mito, tornou o mito possível à medida em que se arvora na única resposta para a realidade - criando o mito da cientificidade... da certeza racional, do progresso, da liberdade, da democracia, da justiça, da paz, da segurança, do bem comum...[17].</span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="color: #990000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">2. PECADO DE MAIS E PECADO DE MENOS</span></div>
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Para os Judeus toda enfermidade tinha origem moral e era causada pelo pecado pessoal ou dos pais[18]. Vivia-se sob a égide do pecado. Jesus cura o paralítico dizendo: “Perdoados te são os teus pecados[19]”. No tempo de Jesus a noção de pecado era distorcida e no mundo de hoje é banalizada. Parece que o homem opta por viver os extremos: “tudo é pecado” e “nada é pecado”. A idéia de que “tudo é pecado” carrega consigo um acidente no programa que Deus estabeleceu na Criação e que o homem não cumpriu. Em razão desta culpa, o homem durante toda a sua existência, vive uma dualidade, como diz São Paulo: quer o bem, mas faz o mal que não quer. Trata-se de um paradoxo racionalmente insustentável: em um mundo não linear é exigido do homem uma linealidade absoluta. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Parece que o mundo ocidental ainda está impregnado do dualismo maniqueísta: tudo o que o que no homem não é bom, é mau. Só existem o mal e o bem. Tal assertiva padece de uma veracidade já na sua origem, porque existem realidades que não são nem boas e nem más, não estão subordinadas ao crivo do certo e do errado. É impossível dizer quão longe o homem pode levar as suas próprias convicções sobre o bem e o mal. No testemunho da história, muitos mataram e morreram pelo que acreditavam serem verdades[20]. Com essa radicalização, o homem torna-se escravo do seu próprio discurso e dele se convence, tão sinceramente, que é capaz de dedicar uma vida inteira à consecução de suas idéias. A compreensão maniqueísta de dividir as coisas entre verdadeiro/falso ainda faz parte do cotidiano das pessoas, cria motivações, projetos de vida e uma decodificação de toda a realidade percebida. São juízos de valores que estão presentes nas mais diferentes manifestações da existência humana. Dessa forma, o homem está preso no labirinto de suas estruturas conceituais e nessa construção ideológica[21] investe a sua própria felicidade. Todo o processo de criação de estruturas conceituais que refletem a realidade dos valores e interesses, como a finalidade da existência, a presença do pecado e do mal etc.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> E aqui está o grande paradoxo da existência, o intransponível labirinto das estruturas conceituais. O homem não tem saída, está literalmente preso nessa prisão sígnica entre o bem e o mal, entre o pecado e a graça. O sentido mais remoto da idéia de bem está associado à idéia de felicidade, como destino da humanidade; por conseqüência, há o desejo de tender a esse bem como dever manifesto pela consciência. A natureza do bem é um poder que constrange, é uma necessidade racional que se manifesta na conduta moral e legal. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> No des/modelar para modelar de novo, mesmo que o homem migre para um novo paradigma, libertar-se-á de uma estrutura-modelo para se tornar cativo de outra. Não há saída, não há forma de romper com o passado sem se abrigar em outras servidões. As nossas idéias nos definem, nos transformam e a luta pelo novo, pela mudança, é continuidade enquanto somos capturados em novos vínculos. Contudo, se é impossível a existência humana sem esse suporte, tal não pode ser absolutizado com a promoção da cultura da intolerância, a ponto de se tornar difícil a convivência com outras percepções da realidade. Na sociedade pós-moderna, a cultura da intolerância está assumindo proporções perigosas; o divergente/diferente não só não é aceito, como se cria uma série de obstáculos à sua existência no convívio social[22]. O caminho da diversidade na unidade, do pluralismo, da inclusividade, parece ser a única resposta aceitável. Saber conviver com pontos de vista discordantes - o embate das idéias - aprofunda ou derriba as nossas certezas parciais, provisórias e precárias[23]; isso só é possível quando não nos submetemos ao germe da radicalização. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Aqui cabe uma reflexão maior sobre o problema do pecado e do mal, sob o qual tem se debruçado a filosofia e a teologia durante todo o tempo. A pergunta que tem perpassado o pensamento filosófico e teológico é: se Deus é a infinitamente bondade e onipotência, por que existe o mal, o pecado e o sofrimento? Se permite, onde está a sua bondade e se nada pode fazer, no que consiste a sua onipotência? Esse tem sido o argumento central na negação da existência de Deus. É claro, que esse dualismo grego foi suplantado pela concepção do livre arbítrio. Numa visão teológica, percebe-se que o livre arbítrio existe também nas esferas angelicais, a partir do qual se pode defender a idéia de que o mal é o mecanismo para a afirmação do bem, da mesma forma de que se não houvesse a liberdade de escolha não haveria a meritoriedade das ações humanas. Parece que toda a ação humana só pode ser motivada pelo bem. É um bem que leva o sujeito a agir, mesmo que realize o mal por fraqueza de vontade ou por ignorância. Essa é a tese de Descartes: “omnis peccans est ignorans”. Temos uma vontade orientada para o bem, mas sucumbimos ao mal e ao pecado</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A solução do problema do mal e do pecado parece atingir a excelência especulativa em Agostinho, quando afirma que o mal não existe, ele é fundamentalmente a ausência do bem e resolve-se mediante a redenção, em Cristo. Para Agostinho, a vontade humana pode ser má, contudo, não é causa eficiente, mas deficiente, visto que o mal não tem realidade metafísica, já que Deus fez boas todas as coisas. Como com o mal o homem não pode lesar a Deus, prejudica-se a si mesmo.</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span></div>
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span style="color: #990000;">3. O PECADO E A CULPA NA TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃ </span><br />
<span style="color: #666666;"></span></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A base da civilização ocidental encontra-se engastada nas concepções greco-romanas que absorveram a cultura religiosa judaico cristã. Nesse particular, se insere o problema da culpa. Somos uma civilização dominada pela idéia do pecado e da culpa. O pecado acarreta a noção de culpa e a culpa nos persegue desde crianças, como um fantasma imaginário, que não tem existência real, contudo, continua a assombrar o nosso cotidiano. Quanto ao pecado não há diferença entre os homens: “…todos estão sob o domínio do pecado. Assim está escrito: Não há justo algum, nem um sequer[24]” e ainda, “Do coração dos homens saem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, assassínios…[25]”. A cultura ocidental dominada pela culpa, pelo pecado e pelo medo fez com que Freud se referisse à religião como uma forma de neurose coletiva, onde se aterroriza com o sofrimento eterno, em detrimento do amor, do perdão e da misericórdia de Deus. O cristianismo, principalmente a partir período medieval, passa a ser uma religião causadora de culpa, quando considera de que a nossa natureza é mais voltada para o mal do que para o bem. A idéia de que somos maus por natureza, o sentimento de culpa de nossa maldade, abandono e danação, desenvolve a neurose obsessiva no ser humano, quando a religião deveria priorizar o perdão e a misericórdia de Deus: “... não fiquem aflitos, nem tenham medo[26]”. Segundo a Carta da Comunidade de Taizé[27], o pecado conduz ao remorso, cuja saída pode ser o desespero ou o arrependimento. O documento de Taizé conclui que talvez não haja arrependimento sem remorso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O conceito judaico de pecado foi sendo adaptado através dos tempos. Inicialmente significava a violação do interdito, do tabu, que deveria ser reparado pelos sacrifícios expiatórios. Posteriormente, a idéia de pecado foi se ampliando, passando a distinguir os pecados contra Deus, que podem ser expiados pelo regresso a Deus, retorno (“Teshuvá”, em hebraico) e os pecados contra a humanidade que podem ser reparados pelo perdão daquele que foi agravado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Além do mais, a concepção de pecado no judaísmo, assim como nas demais religiões monoteístas, carrega consigo um outro pecado, a idéia da supremacia masculina. Deus, sacerdotes e profetas apresentam valores patriarcais. O mito da criação em Gênesis diz que: “E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão[28]”. Mais, a mulher, por ser inferior, provocou a queda da raça humana[29]. Nesse período, o sagrado feminino foi demonizado, declarado impuro, só reabilitado, mais tarde, no cristianismo, através da figura da Virgem Maria. O mito criador ignorou uma verdade biológica que a ciência agora conhece, com certeza, de que todo o feto humano é feminino nos primeiros dias de vida. A ciência já sabe que primeiro nasceu a mulher, pois, a característica masculina, o “y” vai aparecer mais tarde, no período de gestação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Nesse contexto, torna-se interessante a visão platônico-agostiniana, no qual o mal que existe no homem não tem existência real (é causa deficiente e não causa eficiente). Isto significa que o mal encontrado na natureza humana não possui substância ou estrutura ontológica, é tão somente a negação do bem ou o não-ser, deste modo, toda essa desordem não tem realidade metafísica. Aspira o existente humano ao perfeito, ao sublime, entretanto, aprisiona-se em desvalores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O homem conhece a realidade dos valores a partir de sua dimensão antropológica, em relação ao seu próprio ser e em relação ao modelo ideal, não há outro caminho. Agostinho de Hipona reconhece que o ser é bom, porque despojado de sua bondade deixaria de existir, neste caso, “seja o que for, que tenha qualquer grau de existência, é bom[30]”. “Dessa forma, nem a mesma natureza do próprio diabo é má, à medida em que ele é natureza; no entanto, ela se tornou má ao ser pervertida[31]”. Toda a construção do pensamento parte dos prolegômenos fenomenológicos, das propriedades do homem, passando depois à natureza metafísica e espiritual, como auto-transcendência ou realidade última do ser. A partir desses pressupostos, o homem lê o mundo. A axiologia antropológica, assume feições de teologia ao situar-se no campo do monoteísmo radical, ou seja, ao admitir plenamente que Deus age no mundo através de leis tendentes à realização última do homem e do universo, através do homem, com o homem e apesar do homem. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Para Agostinho de Hipona o mal existente na criação é a ausência de Deus depois da queda original. E, a teologia da graça concilia a causalidade absoluta de Deus com a liberdade humana [32]. Segundo o mestre de Hipona: “a primeira liberdade consiste em estar isento de crimes ... como seja o homicídio, o adultério, a fornicação, o furto, a fraude, o sacrilégio e assim por diante. Quando alguém principia a não ter estes crimes, (...) começa a levantar a cabeça para a liberdade, mas isto é apenas o início da liberdade, não a liberdade perfeita[33]”. O Verbo[34] é o centro da história humana e na compreensão dos dois amores que fundaram as duas cidades, encontra-se implicitamente as noções básicas do mundo das idéias e do mundo das formas, defendido por Platão[35]. “Dois amores contruíram duas cidades: o amor de si levado até o desprezo de Deus edificou a cidade terrestre; o amor de Deus levado até o desprezo de si próprio ergueu a cidade celeste; uma rende glória a si, a outra ao Senhor; uma busca uma glória vinda dos homens; para a outra, Deus, testemunha da consciência, é a maior glória[36]”. Os vinte e dois livros, denominados “A Cidade de Deus[37]”, escritos entre os anos 413 e 426, onde Agostinho de Hipona descreve o Reino de Deus e o Reino do Mundo, não estabelecem qualquer identificação da “Cidade de Deus” com a Igreja ou da “Cidade do Mundo” com o Estado. Agostinho de Hipona sabia perfeitamente que a Igreja não é o Reino de Deus, mas um sinal deste Reino; enquanto o Estado ao apoiar o bem, também se torna um sinal de esperança do Reino. A cidade terrena, com seus antigos ritos e sacrifícios, constituída pelas pessoas más e ímpias[38] é uma cópia imperfeita da realidade e toda a sua existência não passa de sombras e trevas se comparada com a cidade celeste. Na Cidade Celeste, Cristo é o criador da história, antes de sua vinda a história caminha para ele e, após a sua chegada, tudo reflete a sua presença, como centro para o qual convergem todas as coisas[39]. Essa Cidade Celeste não se torna perfeita realidade aqui na terra, mas dentro de um horizonte escatológico[40] . Por enquanto, “as duas cidades - civitas Dei e civitas terrena ‘permanecem confusamente unidas’ e só quando a razão é ‘purgada e instruída pela fé’, é que se pode descobrir e entender o propósito da história, o ‘fim da nossa jornada’ e ‘o nosso caminho para ela’[41]. O mundo sensível é apresentado como cópia, um molde imperfeito do mundo das idéias. Tem-se, assim, uma reedição das alegorias[42] de Platão: a alegoria dos dois cavalos alados e a alegoria da caverna. Na cidade celeste, está presente uma grande recapitulação da "lex creationis et lex revelationis", de importância metafísica para o cristianismo, pois nela toda a história converge para o Verbo e ele se torna o centro gravitacional de um fenômeno escatológico, realizando o passado, antecipando o futuro e glorificando o presente messiânico. Essa parte é o momento de peroração do pensamento agostiniano, apresentando uma teoria jurídica dentro de um plano pleno de historicidade no contexto da revelação. É como se alguém espreitasse no horizonte da história e pudesse, ao mesmo tempo, perceber o passado e antever o futuro, descobrindo o alfa e o ômega da história, numa visão unitária. Na lei divina, apreendida pela iluminação, presentes acham-se, também, os conceitos eternos e imutáveis da alma humana, sendo a lei natural uma emanação dessa realidade; já a cidade terrena, satânica por natureza[43] , por afastar-se da lei eterna, despreza as coisas do alto e está condenada à punição eterna. Na separação entre as duas cidades, ainda que não sejam antitéticas, há uma certa semelhança com a filosofia platônica. Enquanto Platão admite a conciliação dos opostos, sair do mundo das trevas e chegar ao mundo luminoso das almas por meio do conhecimento; Agostinho, fiel à mais antiga tradição bíblica, fala na danação eterna e na redenção através do Verbo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Examinando-se o pensamento platônico-agostiniano, em que ambos falam de uma danação eterna, socorre ao autor a argumentação de que, para haver o triunfo final do bem sobre o mal, há necessidade de que o mal desapareça e o Verbo, “cheio de graça e de verdade[44]”, arrebate a si todas as coisas, como rei e senhor do universo. Sabe-se, de antemão, que a teologia bíblica não conduz a esse raciocínio, entretanto, se o mal continuar, como ausência do bem além da parusia[45], reafirma-se, de algum modo, o eterno dualismo maniqueísta[46]. Porém, o exame desta problemática se procede a título de argumentação teórica, sem contraditar a ortodoxia da doutrina e fé Cristã. Em Agostinho há um fascínio pelo exame da realidade, dividindo sempre o mundo entre dois opostos, o bem e o mal. Tillich afirma que “Agostinho combateu por um caminho que mediasse entre o maniqueísmo e o pelagianismo[47]”. Neste aspecto, o que parece diferenciar o pensamento agostiniano do maniqueísmo é a compreensão do mal como ausência do bem, sem o eterno dualismo maniqueísta e, mais precisamente, o anti-dualismo agostiniano se manifesta na defesa do ser como bom. Todo o ser é bom, pelo simples fato de existir, está incluído no amor divino. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A lei eterna é a suprema ordenação de todas as coisas: a lei eterna é a harmonia que existe no Criador, manifesta na criação como lei natural, ou nas próprias palavras de Agostinho de Hipona é “a razão ou a vontade de Deus que manda observar a ordem natural e proíbe alterá-la” [48]. Essa ordem divina se transmite aos seres inanimados como força cega, nos animados como necessidade do instinto. E, no homem, como ordem moral que se manifesta na "obediência à verdade"[49]. É impossível aos seres inanimados e aos animais desobedecerem a esse ditame natural, entretanto, ao homem por ser dotado do livre arbítrio, da liberdade de escolha, tal desobediência é possível. E face à queda original, o homem e toda a natureza, como diz São Paulo, encontram-se como que num processo de parto até que tudo se consuma no todo[50]. Assim, na visão platônico-agostiniana, o mal que existe no homem é causa deficiente e não causa eficiente. Isto significa que o mal encontrado na natureza humana não possui substância ou estrutura ontológica, é tão somente a negação do bem ou o não-ser, deste modo, toda essa desordem não tem realidade metafísica. Aspira o existente humano ao perfeito, ao sublime, entretanto, aprisiona-se em desvalores. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Por conseguinte, poder-se-á afirmar que o pecado e a injustiça consistem, essencialmente, no afastamento do homem do fundamento axiológico do ser, como já o era para Kierkegaard (1.813-1.855)[51], trata-se da falta de relação existencial entre o indivíduo e seu objeto ou a ausência de uma síntese entre eternidade e tempo, quando o homem se afasta do estágio religioso ou absoluto[52]. Consiste no distanciamento do valor-bem superior, o que coincide com a idéia de pecado. </span><br />
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span></div>
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span style="color: #990000;">4. CONCLUSÃO</span><br />
<span style="color: #666666;"></span></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> No estudo do documento do Concílio Vaticano II, Gáudium et Spes[53], percebe-se que a própria Igreja Católica abandonou a idéia de que o homem é um pecador condenado à danação eterna, para admitir de que o homem possui uma dignidade sem igual, um valor intrínseco, em nome da qual o Concílio defendeu uma liberdade religiosa do tipo protestante, fundada na liberdade de consciência, quer dizer, na opinião individual em matéria de fé e não no princípio católico de autoridade[54]. A Gaudium et Spes afirma categoricamente que Cristo “restaurou na descendência de Adão a semelhança divina, alterada desde o primeiro pecado (a primo peccato deformatam)”. Assim, a idéia legalista de culpa perdeu o seu lugar na teologia católica, não se enaltece mais a cruz como resgate de culpa, mas como o símbolo da Ressurreição, da vitória da vida sobre a morte.</span></div>
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Assim, o homem como um ser em busca da graça, em busca de plenitude:</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span style="color: #666666;">4.1 - A dinâmica da vida: a dinâmica da vida caracteriza o homem como um ser em busca de plenitude. Um ser inacabado e insatisfeito que caminha para além do que é e do que tem. Todo o questionamento filosófico e científico resume-se na busca das respostas fundamentais para a existência do homem e das coisas. A dinâmica da vida humana na concepção platônica, dá-se através do conhecimento intelectual, como reminiscência do mundo das essências, esse conhecimento é universal, imutável e absoluto. Em "Fédon"[55], Platão afirma que os filósofos serão libertados da matéria para sempre. A dinâmica da vida para o Absoluto, em Agostinho de Hipona, encontra-se também resolvida pelo iluminismo platônico, porém o conhecimento intelectual é dependente da luz espiritual do Verbo, centro da história humana. A dinâmica da vida para o Absoluto, na visão de Paul Tillich, carateriza-se na correlação "eu-mundo" e essa situação de desespero, de degredo causada pelo pecado, sem respostas para o paradoxo da existência, predispõe o homem a escutar a Palavra revelada[56]. O que leva o homem a sair do convencional, da faticidade e caminhar em direção ao mundo metafísico e teológico, para encontrar respostas para a vida, são as suas terríveis limitações, o medo do pecado, do aniquilamento total e, ao mesmo tempo, o desejo incontrolável de romper a casca dos estreitos limites, onde se desenrola o drama humano. Numa palavra, a "episteme" é fruto da contínua busca de perfeição, descrita por Platão[57]. </span><br />
<span style="color: #666666;">4.2 - A necessidade de romper os condicionamentos estabelecidos pela facticidade: na dinâmica da vida são importantes três aspectos que expressam a esperança do homem em romper certos condicionamentos acarretados pelo pecado e pela culpa:</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span style="color: #783f04;">* marco situacional</span>: compreende a realidade em que se está inserido. Uma sociedade pluralista, competitiva e imediatista, onde predominam as características de influência e de poder, locuplemento e promoção pessoal, de pecado estrutural, embora que em alguns casos haja fins altruísticos, fica-se no terreno da imanência;</span></span></div>
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span style="color: #666666;"><span style="color: #783f04;">* marco referencial</span>: interagindo sobre o marco situacional e os contextos comunitários marcados pelo egoísmo, desponta um caminho, uma utopia possível que liberta o homem dos condicionamentos confinantes. Tem-se como muito difícil o abandono do pecado do egoísmo, algo que se introjetou desde tempos imemoráveis ou, especificamente, desde a queda original. Contudo, vários homens e algumas comunidades ao longo da história [58] conseguiram viver a magia espontânea do amor que liberta e transforma, através do advento da comunidade físico-espiritual, onde os homens são partícipes de um processo de profunda interação. Esta "civilização do amor" não é o amor como um fim em si mesmo, levando as pessoas para a esfera de influência e poder pessoal, mas a superação do egoísmo, algo novo que vem de cima e impele o homem a caminhar em direção ao outro. No pensamento agostiniano a comunidade físico-espiritual é solidariedade, participação e serviço, como koinonia vertical e horizontal; </span><br />
<span style="color: #666666;"></span></span></div>
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span style="color: #783f04;">* marco operacional</span>: como “modus agendi” do marco referencial, dentro de uma perspectiva de coerência, é importante que as distinções temporal-espiritual, sagrado-profano e natural-sobrenatural sejam superadas. Esse dualismo que caracteriza a vida espiritual e a realidade concreta, como distintas e irreconciliáveis, não pode subsistir. Caso contrário, a primeira será sempre um enxerto artificial que se tenta inserir na realidade da vida. A vida espiritual não é distinta do cotidiano, não é um não-mundo ou um antimundo. Apesar do dualismo ontológico, não existe o mundo inteiramente desdivinizado e o mundo sacralizado. Na concepção do platonismo agostiniano, o mundo de aparências descobre aqui a "anamnesis"[59], despertando a reminiscência do mundo verdadeiro <span style="color: #fff2cc;">que</span> ainda habita as profundezas da alma humana, ou a Cidade de Deus também se realiza parcialmente neste mundo, aliás, aqui é o grande palco de manifestações da Cidade Terrena e da Cidade Celeste[60]. O pecado não tem existência real, ele é a ausência da graça e todos os homens, redimidos por Cristo, gozam da mesma vocação divina. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Sempre cabe enaltecer os insondáveis desígnios de Deus, “onde abundou o pecado, superabundou a graça de Cristo[61]”. Por isso, dizemos com Agostinho: “Ó feliz culpa! (de Adão e Eva) Que nos trouxe o benefício de um tão grande Salvador!”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Ainda existe o pecado? Sim, o pecado existe, ele é, em última análise, um ato de desamor. Só o amor é a eterna inocência, ninguém sabe quando vai amar, porque ama e o que é o amor. “Os que se abandonam no amor, esses não pensam na generosidade de seu gesto, no pecado ou na virtude, nem na promessa de recompensa. Dão o seu amor, simplesmente, para continuar a viver”. ESTAMOS NA VIDA PARA APRENDER A AMAR!</span></div>
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;">_____________</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* Clérigo da Diocese Sul-Ocidental, IEAB, Comunhão Anglicana e professor universitário.</span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[1] TILLICH, Paul. Philosophie de la religion. Labor et Fides, 1971.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[2] PADOVANI, Humberto. História da filosofia. São Paulo: Melhoramentos, 1967, p. 55. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[3]Aranha, explicitando essa realidade, afirma: “Eis aí a diferença fundamental entre o homem e os animais. Mas, para produzir cultura, o homem precisa da ‘linguagem simbólica’. Os símbolos são invenções humanas por meio das quais o homem pode lidar abstratamente com o mundo que o cerca... Além disso, com a linguagem simbólica o homem não está apenas presente no mundo, mas é capaz de reproduzi-lo: isto é, o homem torna presente aquilo que está ausente.” (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e Maria Helena Pires Martins. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna Ltda., 1992, p. 29). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[4] MAGALHÃES, Rui. Textos de Hermenêutica. Porto: Rés-Editora Ltda, 1984, p. 7.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[5] A idéia de culto sacrifical, como oferenda de expiação, está presente nas antigas tradições de muitos povos. Vide I Sm. 6,3.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[6] Gusdorf apud ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, in Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1991, p. 28, e 102.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[7] SILVEIRA, José de Deus Luongo da. As várias faces do direito. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2001, p. 19.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[8] Já no período neolítico, começa a construção de habitações, a prática da fiação, da cerâmica, as divisões sociais, a estrutura de normas consuetudinárias gerais, o esboço da organização estatal e o controle político exercido por um chefe que congrega todos os membros da clã (CARBALLERO, Alexandre. O ser em si e o ser para si. RBF, v. 46, 1968, p. 12-13).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[9] Ex. 32,6; Dt. 12,18; Jz 9,27; Sf. 1,7; Ex. 34,15; Ism. 9,12ss; II Rs. 10,19.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[10] Ez. 44,24ss; 40,39; 45,21ss; Mq. 6,7; II Rs. 12,17, etc.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[11] Lv. 21, 6,8, 17; 22,25; I Sm. 21, 7; Ex. 25,30, etc.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[12] O rei Acaz queima em sacrifício o seu próprio filho a um deus pagão. Vide 2 Rs. 16, 3</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[13] Lv. 20,1-5</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[14] ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e Maria Helena Pires Martins. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 1992, p. 63.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[15] VERNANT, Jean-Pierre. As Origens do Pensamento Grego. São Paulo: Difel, 1977, 297.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[16] GUSDORF, Georges. Mito e Metafísica. São Paulo: Convívio, 1979, p. 102.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[17] SILVEIRA, José Luongo da. Noções preliminares de filosofia do direito. Porto Alegre: Fabris, 1998, p. 25.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[18] Sl. 38 e 41.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[19] Mt. 9, 1-8.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[20] Nietzsche, no entanto, rompe com a idéia de se imolar pela verdade, afirmando: “Morrer pela verdade. - Não nos deixaríamos queimar por nossas opiniões: não estamos tão seguros delas. Mas, talvez, por podermos ter nossas opiniões e podermos mudá-las.” (apud Candido. A Crise dos Paradigmas Modernos. 1995, p. 1 (</span><a href="http://www.hotnet.net/~candido/paradigmas.html"><span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">http://www.hotnet.net/~candido/paradigmas.html</span></a><span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[21]Gouldner descreve a ideologia como “o reino da exaltação do espírito, onde habitam o doutrinário, o dogmático, o apaixonado, o desumanizante, o falso, o irracional e, é claro, a consciência extremista.” In: The Dialectic of Ideology and Technology, London, 1976, p. 4 (apud EAGLETON, Terry. Ideologia. São Paulo: UNESP., 1997, p. 18).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[22] Marcos Rolim: “Vivemos uma cultura de intolerância, de não aceitação das diferenças. Basta olhar os prédios e as ruas que não foram planejadas considerando os portadores de deficiência física. Os programas infantis são apresentados por loiros, os surdos não têm reconhecida sua linguagem, os homossexuais são ridicularizados, os soropositivos perdem empregos e os doentes mentais são condenados à incapacidade e periculosidade.” (In: A Assembléia combate ‘cultura da intolerância’, Correio do Povo, Empresa Jornalística Caldas Júnior, Porto Alegre, 14.08.1999, p. 7).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[23] As verdades absolutas podem ser admitidas num plano metafísico e espiritual. No mundo fenomenológico não há verdades absolutas, caso contrário como poderíamos explicar os avanços da ciência (Vide KUHN, Thomas. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo:Perspectiva, 1975). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[24] Rm. 3, 9-10.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[25] Mc. 7, 21.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[26] Jô. 14, 27.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[27] Carta de Taizé, 2003/5. Disponível em:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">< http://www.taize.fr/pt/index.htm?page=/pt/ptsr503.htm>. Acesso em 30 de jul. 2004.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[28] Gn. 2, 22.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[29] Id. 3, 6.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[30]AGOSTUNHO. Confissões. Paris: Opera onmia, 1938, p. 46.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[31]Id. De Civitate Dei, XIX, 13. Paris: Opera Onmia, 1838.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[32]Humberto Padovani. História da Filosofia. São Paulo, ed.Melhoramentos, 1967, p.115, 117, 210, 211.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[33]Agostinho de Hipona. in Iohannis Evangelium Tractatus, 41,10: CCL 36, 363.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[34]Chistós: adjetivo verbal grego para traduzir do hebraico a expressão "Meshiah", que significa "o Unigido do Senhor".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[35] AGOSTINHO. De civitate Dei, XIV, 28. Paaris: Opera onmia, 1838.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[36] Id. De Civitate Dei.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[37]Reino de Deus: expressão aramaica (Malkuth), que aparece 40 vezes em Lucas, 7 vezes em Atos dos Apóstolos e 8 vezes nas cartas paulinas, significando a glorificação final, quando terminar este tempo, com o advento da plena comunidade pascal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[38] AGOSTINHO. De civitate Dei, X, 4-6. Paris: Opera onmia, 1838.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[39] Id. Livros XV, XVI, XVII e XVIII.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[40]Scatón: palavra grega que significa mundo novo, mundo vindouro, além do tempo. E também pode designar o momento entre o "já" e o "ainda não", entre uma visão escatológica presente e a visão escatológica futura.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[41]Agostinho de Hipona. De Civitate Dei. Liv. XI, caps. 1 e 2; cit. por Alan Richardson, in Apologética Cristã. Rio de Janeiro: casa Publicadora Batista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[42]Alegoria: conjunto narrativo ou descritivo, de caráter natural, histórico, filosófico ou religioso, onde os elementos simbólicos correspondem aos elementos significados. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[43] AGOSTINHO. De civitate Dei, Livro X. Paris: Opera onmia, 1938.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[44]Jo. 1, 14.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[45]Parousía: parusia, palavra grega que significa estar próximo, ter chegado, estar presente, presença, vinda, volta gloriosa de Cristo no fim dos tempos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[46]Maniqueismo: seita filosófico-cristã fundada por Manes, no século III, que afirmava a existência de dois princípios eternos e irreconciliáveis, o bem e o mal, iguais e fundamentais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[47]Paul Tillich. Teologia Sistemática. São Paulo. ed. Sinodal/Paulinas, 1967, p. 274.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[48]Agostinho de Hipona. Contra Faustum, Liv. 22: Pl 42, 418.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[49]1 Pd. 1,22.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[50]Rm. 8, 22.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[51]Sören Kierkegaard. Ou Um ou Outro e Estágios do Caminho da Vida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[52]ibidem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[53] Documento do Concílio Vaticano II. Gaudium et Spes, artigo 22.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[54] Id. cf. infra § 11.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[55]Platão. Diálogos, Fédon. Porto Alegre: Globo, 1955.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[56]Paul Tillich. Teologia Sistemática. São Paulo: Paulinas/Sinodal, 1967, p. 142.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[57]PLATÃO. O Banquete. Porto Alegre: Globo, 1955, p. 202-212.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[58]Como a de Éfeso e Esmirna, Ap. 2,1-11.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[59]PLATÃO. Fedon, Porto Alegre: Globo, 1955, 73 a, b.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[60]AGOSTINHO. De Civitate Dei, X, 4-6. Paris: Opera onmia, 1838.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">[61] Rm. 5, 20.</span></div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="color: #666666;"></span></div>José Luongohttp://www.blogger.com/profile/16039926469375773755noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418221959165434531.post-75419444653912227482010-03-01T04:13:00.000-08:002012-06-06T16:14:11.140-07:00O sentido e a dimensão ontológica da experiência religiosa<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5qzu9tVDbIPVpdmNyZ86TO2a-GMgtH5Xo_qOgWwo5wfr36n2H_b5odBkSmEdJzmFnRiNjao2eoEP-pPr3mKjAuIxsmNlRXzlQb5SgraLiNk-7sS9ddH0_DQ5sS_MiXDYtAoDIrRt1ZQ/s1600/images+(33).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5qzu9tVDbIPVpdmNyZ86TO2a-GMgtH5Xo_qOgWwo5wfr36n2H_b5odBkSmEdJzmFnRiNjao2eoEP-pPr3mKjAuIxsmNlRXzlQb5SgraLiNk-7sS9ddH0_DQ5sS_MiXDYtAoDIrRt1ZQ/s1600/images+(33).jpg" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> <span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">José Luongo da Silveira</span></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Desde o início, o homem apresenta-se como um animal de sinais e símbolos, de signos significantes que realizam a mediação entre o mundo “visível e funcional e o invisível e modelar”, entre o vivenciado e o imaginário. Os grandes símbolos são criados ou descobertos pelo homem e permanecem no horizonte da humanidade como estruturas ontológicas subjacentes, incapazes de serem desveladas inteiramente. Essas estruturas ontológicas geram sentimentos de segurança e de auto-identidade, situando-se no plano do inconsciente.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">“A segurança ontológica é uma forma, mas uma forma muito importante, de sentimentos de segurança [...] A expressão se refere à crença que a maioria dos seres humanos têm na continuidade de sua auto-identidade e na constância dos ambientes de ação social e material circundantes [...] a segurança ontológica tem a ver com o ‘ser’ ou, nos termos da fenomenologia, ‘ser-no-mundo. mas trata-se de um fenômeno emocional ao invés de cognitivo, e está enraizado no inconsciente”.(GIDDENS, A. As Conseqüências da Modernidade. São Paulo: UNESP, 1991, p. 95).</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Entre esses grandes símbolos se situa o fenômeno religioso, algo que se encontra no imaginário comum de todos os povos, tempos e lugares. O fenômeno religioso interage com o sentido da vida e do mundo e se apresenta à consciência como uma construção da imagem do ser, algo inserido num contexto relacional que se articula para a formação de uma dimensão axiológica dentro das relações de tempo e espaço. A intercomplementaridade do mundo interior e exterior dá sentido à vida das pessoas e constituem-se num corpo de verdades que determina o seu agir e o seu topos no mundo. O sujeito epistemológico responsável pela formação das estruturas cognitivas realiza a função de re/construção da realidade e marca o nível de interação mental entre o mundo funcional e o mundo modelar. Na verdade, os símbolos religiosos são semióticos, exprimem o mistério, o desconhecido, trata-se de “um corpo distante de conhecimento [...] uma visão dinâmica da significação enquanto processo”.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O fenômeno religioso constitui a primeira e original leitura do mundo, fez parte de todas as culturas cuja relevância resulta do fato inconteste de sua recorrente atualidade. E quando o homem moderno se satura da fragilidade das sínteses científicas, que não respondem o sentido da vida, volta a abrigar-se na fé. A fé renasce e avança no mundo contemporâneo, apesar das suas ambigüidades.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> “</span></span><i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">Já que religião é a auto-transcendência da vida no reino do espírito, é na religião que o homem começa a busca da vida sem-ambigüidade e é na religião que ele recebe a resposta. mas, a resposta não se identifica com a religião, já que a própria religião é ambígua. A realização da busca da vida sem-ambigüidade transcende qualquer forma ou símbolo religioso no qual ela se expressa. A auto-transcendência da vida nunca atinge incondicionalmente aquilo rumo ao qual transcende, embora a vida possa receber sua auto-manifestação na forma ambígua de religião”.(TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. São Paulo: Paulinas, 1967, p. 467).</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A linguagem inconsciente do mistério, algo que está mais além (o anda não) se constitui numa ordem simbólica, num campo aberto a outros campos de sentido. Por isso, nunca se esgotam as possibilidades de interpretação dos símbolos religiosos, eles são arquétipos com cunho transpessoal e estão na raiz da nossa experiência existencial. segundo Jung:</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> </span></span><i><span lang="EN-US"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">"It is impossible to give an exact definition of the archetype, and the best we can hope to do is to suggest its general implications by "talking around" it. for the achetype represents a profound riddle surpassing our rational comprehension: (...) there is some part of its meaning that always remains unknown and defies formulation. consequently a certain element of the "as if" must enter any interpretation”.(JUNG, G. Complex/Archetype Symbol in the Psychology of C. G. London: Routledge & Kegan Paul, 1959, p. 31).</span></span></span></i><span lang="EN-US"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span lang="EN-US"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">O cristianismo e as grandes religiões não se contentam em recorrer somente à experiência religiosa, há o kérygma de uma fé encarnada na história. Existe um momento inicial, focal, de construção da fé numa comunidade específica e que se sedimenta ao longo da história desse povo, a exemplo do povo hebreu. Com base nessa constatação, o fenômeno religioso deixa de ter uma dimensão geral, indeterminada, e afasta-se do resultado de uma iluminação individual, para expressar algo que nasce numa comunidade, na qual a revelação se fez sentir – a experiência da fé. esse marco, prenhe de historicidade, traz a fé à esfera de cognição, contudo, o seu princípio arquitetônico transcende as dimensões espácio-temporais.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Agostinho de Hipona traduz essa dualidade entre a historicidade e a transcendência da fé revelada, dizendo: “através da luz da razão natural e da revelação divina que se manifestam as exigências e os apelos da sabedoria eterna”. Por conseguinte, a revelação pressupõe a existência da razão, há um “ponto de conexão”, porque só o ser racional pode ser iluminado pela fé. Contudo, a razão chega somente aos umbrais da revelação, não há como a estrutura cognitiva possa ultrapassar os marcos históricos e penetrar na natureza da fé revelada. A fé não pode ser atingida pela lógica racional, porque pressupõe uma iluminação espiritual para aclarar o mysterium fascinans da revelação. Esse é o ponto de discórdia entre a fé e a razão, ou seja, a compreensão de que a fé precede à razão.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A modernidade pensa que superou o dualismo entre o espírito e a matéria, o sagrado e o profano, negando o sagrado, como um enxerto artificial que se insere na realidade da vida. A modernidade esqueceu que o sagrado não é dist do cotidiano, não é um não-mundo ou um antimundo.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">“O drama da nossa modernidade é que ela se desenvolveu lutando contra a metade dela mesma, fazendo a caça ao sujeito em nome da ciência, rejeitando toda a bagagem do cristianismo que vive ainda em descartes [...], (destruindo) a herança do dualismo cristão e as teorias do direito natural que haviam provocado o nascimento das declarações dos direitos do homem e do cidadão nos dois lados do atlântico”.(TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 219).</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Quando santo agostinho, o maior pensador ocidental da alta idade média, diz que a fé precede a razão, está querendo dizer que há um ponto de conexão, aonde a razão não chega sozinha. Que o homem necessita da sensibilidade, da emoção e do mistério, tanto quanto da razão. É impossível alcançar uma definição exata dessa fé que ilumina a razão, o melhor que pode fazer é sugerir uma abordagem em torno do tema, porque seu sentido permanece intangível.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Quando aborda o lume espiritual, Santo Agostino refere-se a algo muito próximo da intuição originária de Husserl, dizendo que “a fé é a lâmpada da razão”, propiciando assim a discussão entre os dois elementos. a diferença entre a intuição e a fé torna-se sutil, ao levar-se em conta que ambas globalizam o real de modo direto e imediato. Contudo, a intuição pode ser empírica (experiência sensorial) e racional, enquanto que a fé escapa à lógica da compreensão discursiva e intuitiva. A intuição situa-se nas imediações da fé, pelas características aproximativas entre a apreensão total da experiência intuitiva e o compromisso último, imediato, direto e total da fé.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> A fé pertence ao campo da teologia e, nesse contexto, é definida como dom gratuito e sobrenatural, </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">testemonium spiritus sancti internum</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">, embora não seja autoprojeção do eu e não possa ser alcançada pelo raciocínio discursivo, intuitivo ou estados emocionais. Esses processos podem estar presentes, mas silenciam quando a fé mergulha em seu estado próprio de abandono e auto-entrega.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A fé, sobretudo a fé cristã, apresenta-se de modo paradoxal. ela teima em chegar à vitória final depois do fim da vida terrena. É “o sucesso prometido além de todos os fracassos”. A fase escatológica da fé, a sua esperança sobrenatural, ou a dialética entre a morte e o mundo vindouro, torna-se incompreensível à razão.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O sentido e a dimensão ontológica da experiência religiosa consiste especificamente na possibilidade de uma compatibilização, ou uma aliança entre a facticidade e a transcendência. Contudo, essa síntese satisfatória, a conciliação entre o sagrado e o profano, torna-se difícil. corre-se duplo risco, de um lado, o</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">“[...] estreito transcendentalismo sobrenaturalista e alienante, totalmente desconexo com o aqui e agora; por outro lado, o imanentismo secularista, essa pura facticidade foi responsável pelo caráter dramático da desesperança desse final de milênio”.(SILVEIRA, José Luongo da. Noções Preliminares de Filosofia do Direito. Porto Alegre: Fabris Editor, 1998, p. 233).</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">_________</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">CRUBELLIER, M. Sens de L’Histoire et Religion. Paris: Esclée de Brouwer, 1957, p. 187.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">DEELY, John. Semiótica Básica. São Paulo: Ática, 1990, p. 40.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">MAGALHÃES, Rui. Textos Hermenêuticos. Porto: Res-Editora, s/d, p. 7</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">JUNG, G. Complex/Archetype/Symbol in the Psychology of C. G. London: Routledge & Kegan Paul, 1959, p. 31.</span></span></span><span lang="EN-US"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">GIDDENS, A. As Conseqüências da Modernidade. São Paulo: UNESP, 1991, p. 95.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">GUSTAF, Aulén. A Fé Cristã. São Paulo: Aste, 1965, p. 97.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">LEPARGNEUR, Hubert. Espenrança e Escatologia. São Paulo: Paulinas, 1974, p. 60.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">MONDIN, Battista. Antropologia Filosófica: História, Problemas e Perspectiva. São Paulo: Paulinas, 1979, p. 8-13.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">SANTO AGOSTINHO. in Enarratio in Psalmum, LXII 16: CCL 39).</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">__. De Civitate Dei, Livros XV, XVI, XII e XVIII, Paris: Opera Omnia, 1838.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">__. Confissões. Livro XI. Coleção Patrística 10. São Paulo: Paulus, 1997).</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">SILVEIRA, José Luongo da. Noções Preliminares de Filosofia do Direito. Porto Alegre: Fabris Editor, 1998, p. 20.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. São Paulo: Paulinas, 1967, p. 467.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 219.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">__________</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* Vide o idealismo fenomenológico-transcendental de Husserl (HUSSERL, El Idealismo Fenomenológico. Buenos Aires: Rev . do Ocidente, 1931, p. 8 a 77).</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* Subjetivismo axiológico de Ortega y Gasset, Meinong, Chistian von Ehrenfels, etc. (Vide NADER, Paulo. Filosofia do Direito. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992, p. 49).</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span lang="EN-US"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">* JUNG, G. Complex/Archetype/Symbol in the Psychology of C. G. London: Routledge & Kegan Paul, 1959, p. 31. </span></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">(“É impossível alcançar uma definição exata de arquétipo; e o melhor que podemos fazer é sugerir as suas implicações gerais, estabelecendo uma abordagem ‘em torno do tema’, porque o arquétipo representa um enigma profundo, que ultrapassa a nossa compreensão racional: (...) uma parte do seu sentido permanecerá sempre intangível e avessa à formulação. Conseqüentemente, um certo elemento de ‘como se’ comporá, necessariamente, qualquer interpretação”. Tradução livre de Luiz José Veríssimo).</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Kérigma: de Keryx, palavra grega que significa mensageiro, arauto que proclama a Boa Nova, pregação original cristã.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* SANTO AGOSTINHO explica que a Providência se revela ao homem “através da luz da razão natural e da revelação divina que manifestam as exigências e os apelos da sabedoria eterna” (in Enarratio in Psalmum, LXII 16: CCL 39).</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* Sobre a relação ente a fé e a razão, vide a Carta Encíclica Veritais Splendor. Papa João Paulo II, São Paulo: Paulinas, 1993, p. 75 e ss.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* Santo Agostinho. Confissões. Livro XI: “O vosso Verbo é esta mesma razão e princípio de todas as coisas o qual também nos fala interiormente”. (Vide Santo Agostinho. Confissões. Coleção Patrística 10. São Paulo: Paulus, 1997).</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* Seguindo a concepção platônica, Santo Agostinho divide o conhecimento em conhecimento espiritual e conhecimento racional. (Vide SANTO AGOSTINHO. De Civitate Dei, Livros XV, XVI, XII e XVIII, Paris: Opera Omnia, 1838).</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* Isaías, 7: 9, LXX; Em Santo Agostinho, não há nenhum absurdo ou “credo in absurdum” quando afirma que a fé é uma condição da racionalidade, “nenhuma criatura, conquanto racional ou intelectual, é iluminada de si mesma, ou por si mesma, mas é iluminada ao participar da verdade eterna”. (in: Psal. 119, Serm. 23, 1).</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">* O mundo do espírito, como uma das dimensões da vida. Terminologia análoga para diferentes povos: para os latinos </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">spiritus</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> , para os estóicos</span></span><span style="color: #b47b10;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;"></span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
</div>
</div>José Luongohttp://www.blogger.com/profile/16039926469375773755noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3418221959165434531.post-42336214007613431272010-03-01T03:48:00.000-08:002012-06-06T16:16:38.434-07:00O imaginário religioso do homem latino-americano<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb1rEuaGITSJf35zajeYQqj1hIngx73thGDIXfvwfyQ5tPtPhn43Q19iXkp8hwM8qnsdSpOpBw5fRzT22YHshWCd_dR65P7qSGnz1vrZjxEFGEzRzA3XGPQNsA-cYgeMs5NbxQMlwNfw/s1600/homem.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb1rEuaGITSJf35zajeYQqj1hIngx73thGDIXfvwfyQ5tPtPhn43Q19iXkp8hwM8qnsdSpOpBw5fRzT22YHshWCd_dR65P7qSGnz1vrZjxEFGEzRzA3XGPQNsA-cYgeMs5NbxQMlwNfw/s1600/homem.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">J</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">osé de Deus Luongo da Silveira</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span></span></span><span class="Apple-style-span"></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">“Cuando encuentres la gente mas amistosa que hayas conocido, que te introduce al mas adorable grupo que hayas jamás encontrado, y encuentras que su líder es la persona mas inspirada, cuidadosa, compasiva y comprensiva que hayas conocido, y en ese momento te enteras de que la causa del grupo es algo que nunca habías esperado que pudiera ser encarada, y todo esto suena demasiado bueno para ser cierto, ¡probablemente es demasiado bueno para ser cierto! No dejes tu educación, tus esperanzas y ambiciones para seguir un espejismo”.</span></span></span></i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">(</span></span></span><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">JEANNIE MILLS, ex-adepta do Templo do Povo, de Jim Jones, sobrevivente do massacre da Guiana e posteriormente encontrada assassinada).</span></span></span></i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span></span></span><span class="Apple-style-span"></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O homo religiosus é sempre um ser escatológico, porque todas as religiões, e de modo especial o cristianismo, baseiam-se na dimensão da “fé que procura compreender-se a si mesma e fazer-se compreender pelos outros”.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O mistério fundamental da revelação é a aceitação, pela fé, da presença do sagrado, ou a hierofania, é o acolhimento de uma dimensão da existência que não está contida na facticidade. Esse encantamento do mundo reorganiza os espaços entre o aqui, o agora e o depois, o além.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> A religião, acima de tudo a religião cristã, é a manifestação numa comunidade, de um logos de theos, é um povo que caminha na força do amor, sendo </span></span></span><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">“o amor mais do que uma conseqüência da fé”.</span></span></span></i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Essa procura de significado para a existência tem sido a grande preocupação do homem através dos tempos. E, na América Latina, verifica-se um fenômeno religioso muito complexo, talvez por falta de uma sólida instrução religiosa que tem raízes no processo colonizador.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> A América Latina sempre foi um campo fértil para os movimentos messiânicos onde a religiosidade popular cria uma mistura entre o profético, o apocalíptico e o escatológico.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Outra expressão da religiosidade latino-americana é o sincretismo, como uma forma de mistura superficial, onde não se oferece nenhuma unidade ou sistematização, e onde se diluem as diferentes identidades religiosas. O sincretismo religioso do brasileiro e do latino-americano é expresso na obra de Guimarães Rosa, em Grande Sertões Veredas:</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></span><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">“Muita religião, seu moço! Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio... Uma só, para mim é pouca, talvez não me chegue. [...] Tudo me quieta, me suspende qualquer sombrinha me refresca”.(GUIMARÃES ROSA, João. Grande Sertão: Veredas. 14 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p. 15).</span></span></span></i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Quanto aos movimentos messiânicos, nascidos da religiosidade popular, esses sempre existiram, em todos os lugares: entre os babilônicos, judeus, portugueses, guaranis, etc. É possível que as raízes do messianismo latino-americano esteja na situação de pobreza do povo, aliada a uma religiosidade latente que busca se manifestar por meio da promessa de um paladino, de um libertador.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> As novas seitas religiosas estão impregnadas de conteúdo messiânico e apresentam o tempo presente, como um período do mal, repleto de tensões e catástrofes. Nessa atmosfera de misticismo, surgem homens e mulheres, anunciando o castigo de Deus e preparando os eleitos para o combate final.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Ao voltar um olhar retrospectivo sobre a história da América Latina, percebe-se que o messianismo faz parte da nossa história, já no início, foi decantada pelos colonizadores, como uma terra sem-males. Surgem os Muckers (beatos) no Rio Grande do Sul, em 1824; Antonio Conselheiro e Canudos, no nordeste brasileiro, em 1877; João Maria e o Contestado Catarinense, em 1907; o messianismo inca, no processo anticolonial do Peru, de 1780 até 1840; o Movimento Messiânico de Resistência Guarani à Colonização de 1537-1660; a própria Teologia da Libertação é messiânica, na medida em que a salvação deve ser antecedida pelas libertações históricas dos oprimidos, a articulação entre a libertação soteriológica e a libertação ético-social; no México com os Zapatistas (Exército Zabatista de Libertação Nacional), na Argentina com os justicialistas, idealiza-se a libertação dos pobres e injustiçados; atualmente, na Venezuela, unem-se o caudilhismo e o messianismo, com Tenente Coronel Hugo Chávez, que é apresentado por uma camada da população, como o libertador das crises políticas e econômicas daquele país.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O imaginário coletivo dos movimentos messiânicos na América Latina sustém-se como um fenômeno nascido de certo vazio cultural e do desalento de um povo que está cansado de esperar pelas transformações sociais. Nesse contexto, a religião funciona como o último baluarte, no qual se mistura o sonho do melhor, a crença da proximidade do dia em que o messianismo triunfante sucederá ao messianismo sofredor.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"> O homem latino-americano é profundamente crédulo e simples e a religiosidade da população índia, negra e mestiça possui fortes traços de misticismo, onde a problemática da transcendência dá sentido à vida e onde </span></span></span><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span">“a esperança não pode ser senão uma luta ativa contra o desespero”.</span></span></span></i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">_________________</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">GUIMARÃES ROSA, João. Grande Sertão: Veredas. 14 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p. 15.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">LEPARGNEUR, Hubert. Esperança e escatologia. São Paulo: Paulinas, 1974, p. 68.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. O Messianismo no Brasil e no Mundo. São Paulo: Dominus Ed/USP, 1965, p. 90-112</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">MARASCHIN, Jaci. Tendências da Teologia no Brasil. Coleção Teologia no Brasil, n. 4</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">MONDIN, Battista. Antropologia Filosófica: Problemas e Perspectivas. São Paulo: Paulinas, 1979, p. 8.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">SANTO AGOSTINHO. in: De Civitate Dei. Paris: Opera Omnia, 1838, XIV, 28</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">RECTOR, Mônica; NEIVA, Eduardo. Comunicação na Era Pós-Moderna. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 85.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. São Paulo: Paulinas, 1967, p. 488. São Paulo: Aste, 1977, p. 138-152</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">WOODROW, Alain. As Novas Seitas. São Paulo: Paulinas, 1979, p. 120</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">________________________</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* Escatologia vem do grego schatón e significa as últimas coisas, fim do tempo. Para Santo Agostinho os intervalos temporais, o saeculum (este tempo) e a aeternitas (a eternidade) são o centro da história escatológica. (Vide Santo Agostinho, in: De Civitate Dei. Paris: Opera Omnia, 1838, XIV, 28).</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* A revelação contínua, crescente e progressiva no tempo, chama-se teofania, ou epifania, a manifestação da revelação no tempo.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* Hierofania, algo de sagrado que nos é comunicado. (Vide ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano:</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* Apocalipse, palavra grega que significa revelação feita diretamente por Deus.</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">* O termo seitas vem do verbo latino secare que significa cortar, ou do verbo sequor que significa seguir. (Vide WOODROW, Alain. As Novas Seitas. São Paulo: Paulinas, 1979, p. 120); O Guia Ecumênico da CNBB, afirma também que o vocábulo seita vem do latim secta e significa cortada. A palavra seita na Vulgata é traduzida pela palavra grega háiresis, significando, literalmente, heresia. (Vide Guia Ecumênico: Estudos da CNBB. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 1984, 271).</span></span></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> * Logos e Théos são expressões paradoxais, enquanto Logos significa reunir, recolher, ou o conceito popular de aquilo que é lógico; Théos refere-se a Deus, o inatingível, o transcendental. O principal problema da fé encontra-se nessa lógica do absurdo para a razão. (Vide MARASCHIN, Jaci. Tendências da Teologia no Brasil. Coleção Teologia no Brasil, n. 4, São Paulo: Aste, 1977, p. 138-152.</span></span></span><span style="color: #b47b10;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
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</div>José Luongohttp://www.blogger.com/profile/16039926469375773755noreply@blogger.com0